Postagens

Mostrando postagens de 2008

Águia Mendes

O poeta Águia Mendes criou um blog. Leitura que vale a pena, postei a seguinte mensagem: Águia, fico feliz que tenha feito um blog e nele postado as suas poesias. Já as havia lido e gosto muito de todas. Fico ávido pela leitura das novas que virão. Preciso me dedicar um dia a escrever sobre sua poética, a maneira toda especial, densa e evocativa, a qual você consegue fundir lúdico e lirismo, uma intuição poética esmerilhada desde cedo, nos tempos idos de Jaguaribe. Ourivesaria em versos curtos, ouro puro de elevado quilate. Você é um daqueles poetas no qual o ser humano e a poesia se confundem, não há divisão, nem trauma, nem tormenta romântica, embora, é claro, é humano, deva haver dor e melancolia. Ouro puro, água límpida de riacho. O poeta liberto da alienação, um poeta alegre em sua discrição e principalmente fiel ao mundo que viveu e descreve sem preocupações estritas com realismo, embora totalmente imerso na realidade. Mais além de aparência de estilo, pois são diferentes à prime

Papéis Falsos

Jaldes Reis de Meneses Professor dos Programas de Pós-Graduação em História e Serviço Social (UFPB). E-mail: jaldesm@uol.com.br. Blog: http://www.jaldes-campodeensaio.blogspot.com/ . Duas cenas clássicas que vimos em filmes documentários antigos ainda não se apresentaram na atual crise do capitalismo: correntistas suicidas em Wall Strett, desesperados, se atirando do alto do prédio da bolsa de valores, como também o protesto social anticapitalista de trabalhadores, em passeata ou em greve geral, empunhando os duros símbolos psicanalíticos da realidade que são os espectros da foice e do martelo. A cena do correntista (ou do banqueiro) suicida talvez aconteça a qualquer momento. Quanto à produção do trabalho como antagonista do capital, discernirmos um paradoxo, ou seja, a presença de uma ausência como a pretender encenar a asséptica dupla face de uma mesma moeda: uma grande crise do capitalismo sem antagonista político visível, conquanto no mesmo drops (de ectasay?) desmorone a chamada

Artista

Jaldes Reis de Meneses O melhor artista é incompleto: Sérgio Sampaio. O melhor poeta é lírico e trocou a poesia erudita Pela música popular: o capitão do mato Vinicius de Moraes. Do grande artista ninguém sabe, senão As folhas de relva no testemunho da alvorada.

Quando?

“O Jaguaribe Carne é uma voz dentro da inércia atual. Volta-se para a briga, renegando na poesia e na música, a atitude estéril, a arte do papel feita no papel. Pedro Osmar e Paulo Ró assumem a tentativa de abrir a porta ou entrar por ela pelo buraco da fechadura" Quando escrevi isso? Bobinho e esperto. Deveria ter uns 17 anos, não recordo da frase, embora conserve vivo a circunstância (ela jamais em abandonará). Muito tempo passou. De nada mais lembrava, não tenho o artigo em mãos e nem sequer na memória, mas encontrei uma citação a esmo na internet. Me emociono com essas coisas... Jaldes.
.O Jaldes Reis de Meneses Epitáfio. Vidro vazio. O Olmo continua vivo no leito da morte. Faz tremer os objetos na presença Adormecida de um rosto branco. Balança as paredes dos azulejos. Jaz. Fede. Apodrece. Ato continuo, reaparece, espectro Dissolvido pelo vento no jazigo.

Romance da Crise

Jaldes Reis de Meneses Dinheiro em Wall Street: O boiadeiro Perdeu-se No desfiladeiro .

Romance da Crise

Jaldes Reis de Meneses Dinheiro em Wall Street: O boiadeiro perdeu-se no desfiladeiro.

Machado de Assis: a má influência na formação do romance brasileiro

Pretendo glosar em rápidas palavras (praia!) o artigo do poeta e crítico literário Nelson Ascher sobre a literatura de Machado de Assis, publicado na revista Veja desta semana (21/09). O artigo tem um mérito: embora reconhecendo o evidente talento de Machado, um de nossos grandes, pretende apurar os motivos pelos quais há uma escassez, na literatura brasileira, de uma tradição romanesca realista (Ascher chama a esta literatura de “situação”) que acompanhe passo a passo, de maneira dramática, as transformações da sociedade de fundo capitalista e moderno, que funcione como uma “espécie de autoconsciência do país”. Embora tenha vergonha de citar a fonte – Ascher fala no artigo em origens “marxistas” –, o argumento é nitidamente decalcado de um conhecido ensaio de Lukács, publicado no Brasil no livro Introdução a uma estética marxista (Civilização Brasileira, 1978). Cada qual com seus motivos de vergonha. Passemos adiante. No entanto, apesar de considerar a pergunta válida, questiono a af

Schopenhauer

Neste dia de domingo de setembro pleno de ventos alísios no litoral paraibano, e sob o som de Vinícius (" um molejo de amor machucado" ), um belo poema de Alberto da Cunha Melo sobre Schopenhauer. O "cão" a que alude o poema, é claro, trata-se do animal de estimação de Schopenhauer, que ele cuidou durante os longos anos de solidão quase absoluta em Frankfurt. Diferente de nós, humanos, há uma facilidade em cuidar de cães:eles não precisam dissimular a vontade pelas máscaras do pensamento, talvez somente a dos instintos. Por outro lado, treinar o cão farejador contra o encontro com o mundo "impuro" pode ser - quem sabe? -, atitude impossível, por isso índice de irracionalidade, embora a corda-bamba de todos os n(o)ós. Para mim, a atitude de treinar o cão para proteger o dono no casulo e na solidão, escolhidos como abrigo do eremita na caverna, estará sempre baldado ao fracasso. A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Este, o cern

Francisco de Oliveira: a razão crítica contra o cinismo dos sem-razão

Entrevista concedida aos professores Jaldes Reis de Meneses (DH-UFPB) e Maria Aparecida Ramos (DSS-UFPB) Trata-se de um truísmo afirmar que o professor Francisco de Oliveira, Professor Emérito da Universidade de São Paulo (USP) é hoje um dos principais intelectuais brasileiros. Autor de uma respeitável obra de estudos sociológicos, hoje clássicos, tais como Elegia para uma re(li)gião (1977), A economia da dependência imperfeita (1989), Os direitos do antivalor (1998) e o recente e polêmico artigo O ornitorrinco , incluído no volume Crítica à razão dualista/o ornitorrinco (2003), aos 74 anos, o professor mantém-se ativo, repleto de compromissos e com uma produção intelectual intensa de quem não fica parado e pensa as questões atinentes ao Brasil e à evolução recente do capitalismo em tempo integral. Dotado de imensa coragem e independência crítica, filiado em suas origens mais antigas a Celso Furtado, com quem compartilhou a direção intelectual da SUDENE antes de 1964, é impression

Elba Ramanho

Mais um belo CD (alguém no planeta terra ainda escuta CDs?) prá comentar: "qual o assunto que mais lhe interessa?", de Elba Ramalho. Muito bom! Preciso comentá-lo, Elba está mais intelectualizada, mas sem abandonar o anticapitalismo romântico da, digamos assim, "cultura nordestina". Meu passivo analítico está aumentanto, sempre e mais.

Não tenho medo da morte

Devo um comentário, Epicuro, sobre a mais recente canção de Gilberto Gil, motivo de uma interessante discussão coletiva, em um recente grupo de estudos informal de amigos. Desde já, acho que a nova canção de Gil sobre a morte e o morrer nasce clássica, uma de suas grandes canções em todos os tempos desse artista brilhante, genial. Poucas canções nasceram clássicas ao surgir, menos ainda atualmente, época na qual inexiste qualquer espaço de compartihamento coletivo de canções, dado que a indústria fonográfica e seu sistema de divulgação implodiu totalmente. Em 100 ou 150 anos, Gil será lembrado por Procissão, Preciso falar com Deus e Não tenho medo da morte. A grande poética do compositor baiano, nosso ex ministro da cultura, no fundo, é íntima da metafísica da morte, às coisas da transcendência, tanto quanto, por exemplo, Schopenhauer. Nosso grande compositor da transendência, Gil. Preciso comentar "Banda nova cordel", um estranho CD (aberto para divulgação na internet), um c

João Cabral, em nenhum poema

Jaldes Reis de Meneses Preferir ao anjo a pantera Suprimir o preciso em vago: Nesse livro que se inconfessou: Ainda se disse, mas sem virtude. Noutro, dizendo-se de cabeceira, Disse-se nunca, porém sujo: Capaz de coçar e não gozar, Disse-se, mas com onanismo.

Rilke nos Novos Poemas

Preferir a pantera ao anjo, condensar o vago em preciso: nesse livro se inconfessou: ainda se disse, mas sem vício. Nele, dizendo-se de viés, disse-se sempre, porém limpo; incapaz de não gozar, disse-se, mas sem onanismo. Neto, João Cabral de Melo. Poesia completa e prosa. RJ, Nova Aguilar, 2008, p-369.

Vitória da Conquista (work in progress)

Jaldes Reis de Meneses A assepsia de um cigarro Ao apagar da chama fria, Embaixo dos lençóis chiados Enevoentos e menstruados Da Chapada dos Guimarães, Dos Veadeiros, da Diamantina. Tudo igual profundo, de menos É dar lição de geografia, De arbusto e de paisagem. Nomeio sertão, mas poderia Chamar descampado, caule Fino de ossos, cobra raquítica Rastejando o sangue frio Na pele de jararaca, salamandra. Por isso, reacendo o cigarro E penso em minha morte Para deixar de morrer. O sertão é minha oração. Depois do tempo de mocidade É que se divisa a vereda, Até então é possível dissimular O sexo, empreender guerras. Sucedido, o sertão é de quem Caminha acossado por um tropel De milícia, Antonio das Mortes Metafísico matador de cangaceiro E de seus dantos frutos globosos. Em pleno coito do buriti Quis interromper a viagem. Enganei-me ao encostar De sede à sombra da palmeira. Como encontrar uma donzela Perdida no sertão baiano? Qual a lista telefônica, O poema épico, o amor De Riobaldo e Diad

No Silêncio

Jaldes Reis de Meneses No silêncio experimento a batida do coração Em um quarto escuro, Por mais impermeável que seja a cabine acústica Ele continua a bater, um ritmo grave e outro agudo. Nunca apodrecem seus frutos: João Gilberto, John Cage.

Muda e João Cabral

Uma de minhas diversões neste mês de agosto em estado de muda, ou ao menos de drástica redução do ritmo de postagem no blog, tem sido uma leitura mais sistemática de João Cabral de Melo Neto, que li com muita atenção - é verdade, aos 15 anos. Depois, de maneira mais esporática. Isso de 15 anos nada tem a ver com charme. Querem uma prova? Vão a uma edição do Correio das Artes do remoto ano de 1978(acho que esta é a data correta, não sei bem), e leiam um poema relativamente longo, de duas páginas, chamado O rio e seus aflu/entes, meio um clone de "O cão sem plumas" de que não me envergonho. O poema continua de pé e é muito bem feito, apesar de cacoetes cabralinos bem asssimilados. Hoje, creio ter me livrado da influência cabralina, uma praga de época. Acho que Antonio Cicero matou a cobra e mostrou o pau quando demonstrou em Finalidades sem fim (um belo livro de ensaios) que as opinões poéticas de João Cabral devem ser tomadas com o devido cuidado, funcionam mais no entedimen

Maísa

Começou luminoso o mês de agosto... Publico a seguir, em semana de muda, um poema menor de Manuel Bandeira, que gosto muito, Maísa, como também adoro as antigas canções dramáticas - dizia-se, em algum ponto do século XX, de "fossa" - saídas de boca não-pacífica da musa de Bandeira, uma beleza marcante, estranha, tipo boca-elvis de olhos verdes, possível ser dramático e lunar. MAÍSA Um dia pensei um poema para Maísa “Maísa não é isso Maísa não é aquilo Como é então que Maísa me comove me sacode me buleversa me hipnotiza? Muito simplesmente Maísa não é isso mas Maísa tem aquilo Maísa não é aquilo mas Maísa tem isto Os olhos de Maísa são dois não sei quê dois não sei como diga dois Oceanos Não-Pacíficos A boca de Maísa é isso e aquilo Quem fala mais em Maísa a boca ou os olhos? Os olhos e a boca de Maísa se entendem os olhos dizem uma coisa e a boca de Maísa se condói e se contrai se contorce como a ostra viva em que pingou uma gota de limão A boca de Maísa escanteia e os olhois

Gitana dos 50 Anos

Jaldes Reis de Meneses O primeiro amor noves fora são rosas Adolescentes jogadas em definitivo ao chão. Sequer as pisamos, somente as amortecemos Mas delas para sempre ficaremos dementes. Do grande amor esquecemos, em vez disso O primeiro amor retorna no momento da memória, Gravado a ferro e fogo, marca de boi, persecutória Em uma página perdida de todas as biografias. O grande amor disse adeus, o primeiro desapareceu, Um tão perto, outro tão longe, de um sofremos Pelo outro fazemos um discreto gesto secreto. O que nunca houve para sempre será O que um dia teve nunca mais haverá O primeiro dia nasceu, o outro quem saberá?

João Cabral de Melo Neto:

Antes faço o plano do livro, decido o número de poemas, o tamanho, os temas. Crio a forma. Depois, encho. A frase de João Cabral, acima, foi colhida nos parágrafos derradeiros da inteligente apresentação feita por Eucanãa Ferraz (Belo, Bula) à nova edição de "A educação pela pedra e outros poemas" (Editora Alfaguara, 2008). Espero retornar à poesia de João Cabral nos próximos dias, através de um curto ensaio, por enquanto apenas escrevo que a forma de sua poesia, mais além de um evidente corpo a corpo com a linguagem na tentativa de parecer seco em seu antilirismo (ele adorava essa expressão, como também adoro, aliás), medrou na forma tortuosa de uma doação paulatina. O "homem seco" foi se doando e sendo tostado aos poucos, ao longo dos anos de labor poético consciente e racional - O engenheiro, O cão sem plumas (para mim, desde a adolescência, um dos principais poemas da língua portuguesa), A educação pela pedra, etc etc - pelo fogo-fátuo (de Fernando Pessoa), pelo

Linguagem de Adão: Proust e Benjamin

Ainda um post sobre a linguagem de Adão. Teria esta linguagem continuidade na música? Walter Benjamin foi um grande leitor e crítico de Marcel Proust. No trecho que reproduzo a seguir, o romancista francês narra a respeito da hipótese de uma linguagem anterior a verbal, para ele a linguagem da música. Leiam: "Eu me perguntava se a música não era por acaso o exemplo único do que poderia ter sido – se não tivesse havido a invenção da linguagem, a formação das palavras, a análise das idéias – a comunicação entre as almas. Ela é como uma possibilidade que não teve prosseguimento, a humanidade tendo tomado outras vias, a da linguagem falada e escrita". In: PROUST, Marcel. Em busca do tempo perdido (A Prisioneira, vol 04), pp 246. (Jaldes Reis de Meneses)

Linguagem de Adão: Drummond, Waly Salomão, Montaigne

A “linguagem adâmica” (Walter, Benjamin, Sur lê langage a general et sur le langage humain, Paris, Gallimard, 2000), sem dúvida uma manifestação primordial e atávica da mimesis, constitui um dos dispositivos permanentes, ontem, hoje e sempre, da construção poética. É por meio dela que se comunicam espontaneamente os animais na natureza (abdico de palavra de origem religiosa – “seres” –, propositalmente). Dou exemplo em três belos poemas, fixados na imagem, renitente e poderosa, da cobra (serpente e cobra coral): Cisma , de Carlos Drummond de Andrade, narrando a experiência de um encontro casual entre o olhar cismático de reconhecimento mútuo – talvez preparando o embate no qual vença o mais apto – do poeta com uma cobra coral, e vice-versa. Que se diga: o poeta e a cobra não se comunicaram em português nem sânscrito, mas pela linguagem adâmica natural: Cisma Este pé de café, um só, na tarde fina, E a sombra que ele, faz, uma sombra menina Entre pingos vermelhos. Sentado, vejo o mundo

Alberto Caeiro e Walter Benjamin: a linguagem de Adão

Há muitos caminhos, muitas veredas para a poesia. Ela aparece nos lugares mais surpreendentes, pois antes de tudo, até mesmo de ser linguagem, diz respeito à elaboração da experiência direta e desnuda, bruta, do real, ao nosso corpo a corpo com natureza, como nos ensina, aliás, o heterônimo-mor (Alberto Caeiro, o poeta pagão) de Fernando Pessoa (um que poeta teve ao mesmo tempo um projeto filosófico, não se enganem, absolutamente consciente e medido, um dos motivos de ser talvez o mais instigante dos poetas modernos, em todas as latitudes). Walter Benjamin, na juventude, chamou a esta experiência desnuda com o real (ainda não me refiro à “realidade”) como “linguagem adâmica” (a linguagem de Adão), no fundo para refletir um paradoxo: a possibilidade entrevista de nomear diretamente pelas sensações. Reparem neste poema de Caeiro: [ 283] 1-10-1917 O Universo não é uma idéia minha. A minha idéia do Universo é que é uma idéia minha. A noite não anoitece pelos meus olhos, A minha idéia da no

Antonio Cicero

Recebi e-mail pessoal do poeta e filósofo Antonio Cicero que resolvi postar, acerca de meu poema e o comentário crítico sobre Baudelaire, recém publicado no "Correio das Artes". Sei que a seriedade crítica do autor, um dos principais poetas brasileiros contemporâneos, não permitiria elogios fáceis. Opiniões assim me encorajam a encarar face a face o sibilino encontro com as musas: "Caro Jaldes, Obrigado por me enviar o seu poema e suas considerações sobre Baudelaire. Estas são muito interessantes, mas o poema é que é bom mesmo. Gostei muito. Parabéns. Antonio Cicero"

Satiagraha II

A gritaria em torno de uso de algemas e os delírios do inquérito do delegado Protógenes são meras manobras diversionistas visando tirar o foco do principal. Co-participam da operação diversionista senadores do DEM, blogueiros e jornalistas ligados aos comendadores das privatizações no governo FHC e membros de atual governo, numa verdadeira Santa Aliança. Se a questão for mesmo o constrangimento das algemas, sugiro prender com luvas de pelica. Resolva-se o espírito dos corações finos. (Jaldes Reis de Meneses).

Satiagraha

Há muitos pontos de interesse em uma análise de conjuntura a partir da chamada "Operação Satiagraha " da Polícia Federal, que prendeu por algumas horas duas vezes o peixe graúdo Daniel Dantas e outros consortes (até chegar no hoje miudo Celso Pitta ). Por enquanto, fico apenas em um item: a irmandande do aparelho tucano- petista na operação do novo capitalismo brasileiro, após o plano real. As evidências começaram com o " mensalão " (embora este seja apenas um nó atado em um intricado bordado), cuja investigação ( CPI dos Correios) mostrou a quem quis ver como uma conexão originária de Minas Gerais - a campanha de reeleição do ex-governador Eduardo Azeredo, filiado ao PSDB - prosperou em um governo do PT. Depois, mesmo que o mensalão já tivesse permitido aflorar o jogo duro do complexo Dantas / Opportunity , resumido, por exemplo, nas conexões com as privatizações do governo FHC - principalmente a privatização do antigo sistema Telebrás -, agora, mais até q

Benjamin e Baudelaire

Passei por uma experiência prazerosa recentemente: a feitura de um pequeno poema em cinco seções de oito versos longos – Baudelaire –, concebido de início quase ao acaso (os versos do poema estão publicados entre os cinco poemas do post abaixo). A chamada "inspiração" pelo senso comum veio a partir da pesquisa sobre materiais bibliográficos de um curso sobre modernidade na Universidade, precisamente o curso de Pós-Graduação em História da UFPB . É feito a trama um novelo: uma vez puxado, um mundo de questões aparecem e reaparecem. Tento, agora, com mais tranquilidade , depois da tempestade catártica , debater a algumas destas questões. As questões que surgiram me levaram a uma decisão, embora ela nem seja tão firme assim (posso abandonar boas idéias sem remorso): continuar a desenvolver o poema inspirado em Charles Baudelaire, em nem sei quantas estrofes e versos que virão a lume, sem, contudo, querer transformá-lo em uma biografia versificada, oscilante entre o chato e

Correio das Artes

Imagem
Uma vez querendo abrir o arquivo, pode-se pode ler acima, em fac-símile, 5 poemas meus publicados na edição do "Correio das Artes" de domingo (06/07/08), uma bem cuidada edição de Linaldo Guedes.

Paraíba do Norte

Jaldes Reis de Meneses Sanhauá, rio cujas águas jamais me banharam: Não lhe comemoro as águas, somente a sonoridade. Varadouro, face deformada de um anjo barroco descendo: Não lhe vi crescer nem declinar, já lhe encontrei em ruínas. São as ruínas que comemoro. (Este poema, escrito de uma só tacada em agosto do ano passado, imediatamente publicado no blog, diz respeito ao mesmo tema do post anterior. Desmontem o enigma, mas é tudo tão claro...).

Papéis extemporâneos II: 1930, Gramsci e Florestan; ordem social e bloco histórico

O artigo que segue abaixo é mais um “papel extemporâneo”. Foi escrito em 2000, como uma espécie de roteiro pessoal, na ocasião de participação em uma mesa-redonda de balanço sobre o movimento “revolucionário” de 1930, certamente o principal episódio histórico do século XX brasileiro. Embora confeccionado para exposição pública, originariamente não pensava em publicar este material, entre outros motivos porque destoa do chatíssimo formato de “ paper ” acadêmico (imaginem a perda para a filosofia se Nietzsche tivesse cometido mais um desatino, trocando os aforismas desconsertantes pela forma- paper ) , mas principalmente por motivo de seu tom ser mais de auto-esclarecimento, uma espécie de solilóquio comigo mesmo, testando a validade de certas ideias no papel, com base em leituras sistemáticas de autores que estudaram a formação do Brasil. As leituras incluíam , entre outros, de Manuel Bonfim (o primeiro a desmontar as teses racialistas em plena república velha, uma personalidad

Papéis extemporâneos: Agostinho da Silva

Cascaveando papéis extemporâneos , encontrei esta pequena apresentação que fiz a uma exposição sobre o intelectual português Agostinho da Silva, ocorrida na UFPB em maio de 2006. Agostinho viveu muitos anos no Brasil e quando do retorno a Portugal, depois da abertura política permitida pela Revolução dos Cravos (1974), transformou-se, por sua verve erudita e desabusada, num astro da televisão dos irmãos lusitanos. A metáfora de meu texto é gasta, mas decisiva: a atracão dos portugueses pelo mar oceano, de Camões e Pessoa, até, pode-se dizer mais recentemente, José Saramago, na bela novela “Jangada de Pedra”, em que, ao invés de embarcações de partida, quem dá adeus ao continente europeu é o próprio território de Portugal inteiro, seguindo a uma vocação parecida com o mito platônico de Atlântida , o continente perdido. Nas viagens nos perdemos e podemos nos reencontrar através da experiência do novo.( Jaldes Reis de Meneses). QUEM FOI AGOSTINHO DA SILVA? Em certa passagem de seu