Antonio Cicero: a lira dos setenta anos
Jaldes Meneses Temos o privilégio de sermos contemporâneos de uma geração de artistas brasileiros, a exemplo de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Maria Bethânia que atravessaram o umbral dos 70 anos ativos na felicidade de conservar o elixir dos mais finos perfumes. No dia 6 de outubro, o poeta, letrista e filósofo Antonio Cicero completou 70 anos. Devem perguntar os que não conhecem - quem é Antonio Cicero? Tenho a impressão de que Cicero se trata de um caso bem brasileiro de fusão, inusitada e travessa, da mais fina erudição e música popular, nesta terra em que sambistas pobres do morro, da estripe de Cartola, Elton Medeiros e Guilherme de Brito cuidaram com especial elegância da maltratada língua portuguesa. Ao contrário de muitos países, aqui, desde cedo, houve contactos e influências entre o erudito e o popular – entre Sinhô e Villa-Lobos. De sorte que uma pessoa como Cicero, evidentemente mais conhecida como letrista da cantora Marina Lima, sua