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Mostrando postagens de outubro, 2015

Antonio Cicero: a lira dos setenta anos

Jaldes Meneses Temos o privilégio de sermos contemporâneos de uma geração de artistas brasileiros, a exemplo de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque e Maria Bethânia que atravessaram o umbral dos 70 anos ativos na felicidade de conservar o elixir dos mais finos perfumes. No dia 6 de outubro, o poeta, letrista e filósofo Antonio Cicero completou 70 anos.          Devem perguntar os que  não  conhecem - quem é Antonio Cicero? Tenho a  impressão  de que Cicero se trata de um caso bem brasileiro de fusão, inusitada e travessa, da mais fina erudição e música popular, nesta terra em que sambistas pobres do morro, da estripe de Cartola, Elton Medeiros e Guilherme de Brito cuidaram com especial elegância da maltratada língua portuguesa. Ao contrário de muitos países, aqui, desde cedo, houve contactos e influências entre o erudito e o popular – entre Sinhô e Villa-Lobos. De sorte que uma pessoa como Cicero, evidentemente mais conhecida como letrista da cantora Marina Lima, sua

Uber em João Pessoa

Jaldes Meneses No caminho cotidiano de retorno à casa do trabalho na Universidade, escuto no rádio do carro que a Câmara Municipal de João Pessoa deverá pautar, na próxima semana, a polêmica internacional, que já passou por Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, de admitir, proibir ou regulamentar o serviço de “Carona Paga” conhecido internacionalmente como “Uber”.  Carona paga, Economia de compartilhamento, Tecnologias emergentes, gritam os defensores do Uber. Qual o significado desses simpáticos ardis de linguagem? Menos ciência dura e mais psicologia social, não passam de eufemismos de disfarce da crueza da concorrência capitalista, uma parte fundamental de uma  operação planejada de dumping visando amealhar  o controle dos tradicionais serviços de Táxi. Mesmo que o Uber não tenha feito a aparição em nossa cidade - certamente por motivo de o tamanho de nosso mercado ainda não comportar serviços de Táxi de Luxo –, não tardará o dia de algum novidadeiro atracar em nossas par

O inferno somos nós

Jaldes Meneses “Somos conformistas de algum conformismo, somos sempre homem-massa ou homens-coletivos. O problema é o seguinte: qual o tipo histórico de conformismo, de homem-massa do qual fazemos parte? (…) Criticar a própria concepção de mundo, portanto, significa torná-la unitária e coerente e elevá-la até o ponto atingido pelo pensamento mundial mais evoluído.”   ANTONIO GRAMSCI, Cadernos do Cárcere 11 (1932-1933 ) Mistura nova de Babel de afetos de amizade e tribuna política, as redes sociais, exatamente por isso, podem ter, entre mil e uma utilidades, a serventia de funcionar como uma espécie de rico laboratório a quem se dispor a realizar um estudo sério do discurso como crítica à ideologia. Existe atualmente uma corrente da crítica social neomarxista bastante festejada do conceito de ideologia na qual, pelo lado da esquerda acadêmica, o superstar absoluto é o bufão esloveno Slavoj Zizek. No caso específico de Zizek, a salada servida mistura mais Hegel e Lacan e menos