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Mostrando postagens de setembro, 2017

Crises Macunaímicas, Traquinagens Jurídicas, Devaneios de Esquerda

Jaldes Meneses Enquanto houver bambu, lá vai flecha. Não estou me referindo a Janot ou o Ministério Público, mas à abundância de bambus nos arraiais da esquerda brasileira. Refiro-me à dura polêmica estabelecida pela divulgação da nota da executiva nacional do PT sobre o “caso de Aécio Neves”. Não se fazem mais “erros históricos” como no passado. A exemplo de quando a direção do PCB em 1956 retardou o debate sobre o XX Congresso do PCUS e o stalinismo, ou quando, novamente, retardou o balanço da atuação amorfa no golpe de 1964. Estávamos diante de “erros históricos”, de ideologia e estratégia, de larga envergadura. A coisa banalizou. Não sou filiado ao PT, portanto desimpedido de qualquer alinhamento de luta interna. Sei das insuficiências da direção deste partido, especialmente no teste de 13 anos de governo, em que se pese o que fez de positivo. Entretanto, na relação governo-partido, no essencial, o partido perdeu a autonomia e mais parecia uma correia de transmissão

A resiliência de Lula e a transferência de votos

Jaldes Meneses As pausas e os silêncios são fundamentais e dizem muito, tanto em música como em psicanálise. O fato de a mídia tradicional brasileira fazer ouvidos de mercador aos resultados da pesquisa MDA-CNT divulgados ontem são bastante sintomáticos. Trata-se de um silêncio que grita. Foi preciso um jornal inglês e dirigido ao mercado financeiro, o Financial Times, acusar o golpe e abrir o jogo. Para o Financial, o “mercado” pode ir tirando o cavalinho da chuva: na hipótese da interdição do Lula, não serão os tucanos os beneficiados (a popularidade deste partido está na lona), mas Jair Bolsonaro. E ainda por cima o Financial adverte que o “paraíso” da gestão Temer tem prazo de validade: até 31/12/2018. Os números da pesquisa MDA-CNT escancaram que, mesmo após a festejada audiência amigável entre Palocci e Moro, Lula permanece em primeiro lugar. Mais. Cresce! Bate todos os adversários em primeiro e segundo turno. Marina perde o segundo lugar. Os

Não sou eu quem me navega

Resenha: Dardot, Pierre; Laval, Christian. A nova razão do mundo (ensaio sobre a sociedade neoliberal). São Paulo, Boitempo, 20016. Jaldes Meneses    Noves fora a apologética do  mainstream  regiamente financiado, ao longo de mais de trinta anos se consolidaram duas vertentes de estudos críticos, não necessariamente excludentes, sobre o neoliberalismo. A primeira, mais tradicional e difundida, tem na síntese “Neoliberalismo - história e implicações”, de David Harvey (2012), um de seus esteios característicos. A segunda, mais recente, atende pela vertente inaugurada pelos estudos de Pierre Dardot e Christian Laval, cujo seminal “A nova razão do mundo” (2016), recentemente editado no Brasil, mistura criativamente e sem concessões ao ecletismo as démarches de Marx e Foucault.  Lukács sugeriu a possibilidade de uma crítica e autocrítica "ontológica” das ciências particulares (entre as quais as ciências sociais) pela filosofia. No caso particular de uma “crítica on