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Mostrando postagens de abril, 2015

Terceirização em transe histórico

Jaldes Meneses Estive na terça-feira desta semana, na condição de representante do sindicato do qual presido, a ADUFPB (professores da UFPB), de uma as duas tarde em animado debate na Rádio Tabajara com o empresário da construção civil e vice-presidente da FIEP (Federação das Indústrias do Estado da Paraíba), José William Montenegro, sobre o Projeto Lei 4330, das terceirizações. Sai de lá mais convicto da temeridade que seria para a sociedade brasileira a aprovação apressada desse projeto. Percebi que embora as posições de trabalhadores e empresários estejam polarizadas, as consequências - para mim, trágicas - da extensão da terceirização no Brasil à praticamente todas as chamadas “atividades-fim” do trabalho ainda é um assunto obscuro para a maioria das pessoas comuns. No entanto, felizmente, as pessoas têm sensibilidade, logo intuitivamente percebem que se está pretendendo perpetrar entre nós um verdadeiro “golpe parlamentar” que, caso efetuado, derrui as bases o que chamei

Tocqueville: a sociedade civil como aristocracia

Jaldes Meneses Na semana passada, abordei a questão da revolução em Alexis de Tocqueville. Nesta semana, encerrando esta série combinada de dois artigos contendo temas mais clássicos de teoria política, o tema é o interessante – e inusitado - conceito de sociedade civil em Tocqueville, privilegiado nos dois volumes de "A democracia na América”.  No arcabouço de “A democracia na América”, a partir do contraponto com os Estados Unidos e a miríade de entidades civis de iniciativa autônoma em relação ao Estado, Tocqueville interpretava que estava se formando na Europa, desde o apogeu do absolutismo, uma combinação de despotismo, igualitarismo e centralização do Estado que negava o princípio da liberdade. A democracia dos modernos franceses, somente nas aparências, negava o absolutismo. Vale dizer, em resumo: o processo de instauração de regimes democráticos e republicanos na Europa, pela via revolucionária, não era um antídoto eficaz à tendência de despotismo manifesta subt

Tocqueville e a “futilidade” da revolução

Jaldes Meneses O pensador Alexis Tocqueville (1805/59), clássico incontornável da teoria política contemporânea, foi um contraponto liberal e aristocrático à tradição de republicanismo radical francês. Coube a ele elaborar no recesso político em pleno império de Napoleão III (1851-1871), de quem tinha sido Ministro dos Negócios Estrangeiros, o argumento mais engenhoso e sofisticado, que deu viço a um novo tipo de pensamento conservador sobre a Revolução Francesa Desde então, o argumento fez fortuna e passou a ser repetido por um séquito numeroso de autores até díspares: Renan, Dilthey, Pareto, Croce, etc. Qual é esse argumento? Observar que as mudanças produzidas pelas revoluções burguesas, à custa de sangue, já vinham sendo feitas, homeopaticamente, pelas monarquias absolutas, especialmente a centralização governativa necessária à formação do Estado nacional. Escreve Tocqueville “[...] outrora, no tempo em que tínhamos assembléias políticas na França, ouvi um orador falar

Parabéns, Eduardo Cunha

Jaldes Meneses Parabéns ao deputado Eduardo Cunha - em visita hoje (10/03) à terra dos Tabajaras - e a maioria dos insignes deputados da legislação federal de 2015/18 pelo indiscutível alcance da realização histórica em que se empenham neste mês de abril: com a aprovação na Câmara dos Deputados do Projeto Lei 4330 (depois, o projeto segue para o Senado), de desregulamentação sem peias do princípio organizativo da terceirização do trabalho, vocês acabam de decretar a sentença de morte do contrato social brasileiro, seja nos termos mais antigos da legislação trabalhista da CLT varguista de 1942/3, ou mais recentes, expressos nos capítulos de proteção social da Constituição - lembram-se? - “Cidadã” de 1988. A tarefa do historiador é atar os fios de causalidade dos acontecimentos aparentemente desconexos do tempo. A partir do marco histórico da aprovação em regime de urgência do PL 4330, o capitalismo brasileiro se aproxima perigosamente de um padrão chinês (teria algum pudor

Os pobres põem o Dilma governo nas cordas

Jaldes Meneses email: jaldesm@uol.com.br Não sou daqueles que costumam brigar com pesquisas nem muito menos com a realidade. Os novos números da detalhada pesquisa CNI-IBOPE, que não diferem no essencial dos números do DataFolha, publicados nesta quarta-feira (01/03/15), expõem a terrível situação de um governo federal cujo capital de popularidade desapareceu em velocidade estonteante do dia da vitória (26/10/14) até hoje. (Um parêntese de reflexão lateral que não calo: em tempos de “ajuste fiscal”, o dinheiro da contribuição patronal e dos trabalhadores, fonte de financiamento das Confederações, é gasto no ralo de “contratação” de pesquisas de nítido conteúdo especulativo, tanto político como financeiro, no último caso visando interferir no movimento de cotação em bolsas. Desvio-me do assunto. Fecha parêntesis).  Como explicar que em rápidos cinco meses as avaliações de ótimo e bom retrocedam de 40% em dezembro para míseros 12% em março e a curva de ruim e péssimo subam d