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Mostrando postagens de janeiro, 2008
A crise americana (iii) Manchete em todos os jornais de hoje (31-01-08): FED baixa os juros em 0,5%. Em um post de dias passados (quarta-feira, 23/01/08), quando da primeira baixa, afirmei que os juros cairiam ainda mais, confirmando o diagnóstico da crise como de superoferta de crédito e depressão no consumo, sem possibilidade imediata de alta da inflação, hehe. A crise vai continuar e terá como um dos solventes os episódios da indefinida e emocionante corrida presidencial americana, o evento mais importante do ano, caso não haja surpresas no mundo, pois estamos assitindo a um processo de exaurimento societário da estratégia dos neoconservadores e da aliança obscurantista desse pessoal intelectual burocratizado com o fundamentalismo religioso cristão. Há uma certa confusão no Brasil sobre qual seria a real localização ideológica dos neoconservadores. Já li gente metida a entendida até escrevendo que são iluministas. Estão distantes do iluminismo, embora se digam racionais. Na verdade,
O malogro do artista Preparando uma aula sobre a relação entre mito e história, ao revisitar uma conhecida página de Nietzsche em “O nascimento da tragédia” – o prólogo a guisa de balanço reflexivo que ele escreveu ao livro de juventude anos depois, já na maturidade -, apareceu-me uma questão interessante, geralmente interpretada de maneira apenas biográfica, focado no rompimento pessoal e filosófico entre o pensador alemão e Wagner. Engano. A título de uma pesada crítica a Wagner, o alvo de Nietzsche, na verdade, se dirige à arte de seu tempo e em especial à figura do artista. Com efeito, o autor de Zaratustra, o profeta profano do Deus Dionísio, em seu primeiro livro, tinha na cabeça dar início a uma espécie de crítica artística da ciência e, por derivação, anunciar a promessa de nascimento de um novo artista, “dotado, também, de capacidades analíticas e retrospectivas (...), cheio de inovações psicológicas (...), com uma metafísica de artista no plano de fundo, uma obra de juventude
Crise americana (ii) Globo news, Em cima da hora, boletim de seis da tarde: a repórter que cobre o movimento das bolsas afirma que há uma tendência internacional, em virtude da baixa do consumo mundial, de baixa no preço das commodities (soja, carne, etanol, ferro, etc). Por isso, ao contrário, das bolsas nos Estados Unidos, cujos índices hoje ascenderam, a BOVESPA terminou o dia em forte baixa. Lula e o agronegócio que ponham as barbas de molho. Contudo, a repórter dá uma escorregada feia quando coloca o barril petróleo entre as commodities, somente porque, como qualquer mercadoria, é cotado pela variação do dólar ou da onça de ouro. O petróleo não é uma commodities, ou ao menos uma commodities como as demais. Nisso que dá o pensamento formal de alguns economistas. Melhor classificar o petróleo como um monopólio natural, como diziam os velhos Paul Baran e Paulo Sweezy, ou seja, um bem de natureza altamente concentrado e estatizado, entre outros, por motivo de segurança energética. Nes
Crise Americana (i) Tá se vendendo como ousadia na imprensa o fato de o FED ter cortado antes de ontem 0,75 pontos na taxa báscia de juros. Bobagem. Os juros ainda vão cair mais nos Estados Unidos. A "fonte" de nossa afirmação é bastante simples, vem do próprio diagnóstico do FED sobre a crise: eles supõem, corretamente, aliás, que o problema da economia americana não é a inflação, que está controlada, mas, o inverso, uma possível depressão dos preços. O conteúdo da crise atual, portanto, dista, no invólucro, da de 1972-74, quando tivemos, talvez pela primeira vez na economia capitalista, um misto de estagnação e inflação. Vale lembrar, no caso, que se estava saindo de uma longa fase de políticas anticiclicas keynesianas, bem distinto do atual, em que, embora a máquina militar (neokeynesiana) esteja moendo no Iraque e Afeganistão, a economia mundial passou por um processo de desregulamentação radical do sistema financeiro. Passei um tempo sem escrever sobre conjuntura econômi
Anjo azul, o bloco iconográfico da diversidade Temos, na Paraíba, a vocação e a volição das ruínas, da destruição criativa e da criação destrutiva, no que somos, desde sempre, do passado colonial até hoje, absolutamente modernos. Os monumentos históricos que melhor nos definem passam pela construção e destruição, sucedidos por uma nova construção, de A União à Assembléia Legislativa, na Praça João Pessoa, da Rádio Tabajara ao "novo" conforto do Fórum da Justiça, na Rodrigues de Aquino. Matamos simbolicamente os velhos jornalistas de A União e os cantores do rádio. O altar-mor da Igreja São Francisco - destruído sem dó no começo do século passado -, é apenas um retrato na parede e a Casa de Engenho de Zé Lins serve de morada ao capim dos vermes. Gostamos de extrair o lado bom das coisas ruins: Darcy Ribeiro afirmava, no belo livro O povo brasileiro, que somos um povo tabula rasa, ou seja, explicando melhor, os escaninhos da tradição brasileira são essencialmente abertos, de an