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Mostrando postagens de agosto, 2012

Fim de casamento

Jaldes Meneses No remoto ano de 1989 do século passado, três partidos (PT, PSB e PCdoB) firmam uma aliança política junto com um programa radical de 13 pontos (suspensão do pagamento da dívida externa, reforma agrária, democratização dos meios de comunicação, etc.), logo chamada de “Frente Brasil Popular”, e lança candidato à presidência da república um ex-operário conhecido como Lula. Reviro o passado para antever o que será o principal acontecimento político, ainda subterrâneo e pouco comentado, das atuais eleições municipais, a coqueluche das avaliações pós-eleitorais. Enfim, 23 anos passados, celebra-se o fim do casamento (amigável?) do núcleo duro dos três partidos que constituiu a antiga “frente de esquerda” brasileira, que começou invocando experiências de socialismo democrático, como a Unidade Popular chilena, e termina discretamente, numa espécie pragmática de amizade colorida: o PT compondo a nova espinha dorsal da governabilidade do Estado com o PMDB, o PSB flertando com

O ciclo de Dilma

Jaldes Meneses Acossado diretamente pela greve do funcionalismo público e indiretamente pelo julgamento do mensalão, o governo de Dilma Rousseff não tem do que se queixar no quesito popularidade: todas as pesquisas registram invariavelmente uma taxa de ótimo, bom e regular que ascende a mais de 60% (o Ibope registrou uma ligeira baixa em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Curitiba, mas em João Pessoa, a nossa cidade, os índices são de elevadíssimos 67%, contabilizado apenas ótimo e bom). No entanto, seria precipitado afirmar que o governo navega em céu de brigadeiro: afora a ligeira inflexão nas grandes metrópoles brasileiras, são muitas as turbulências no ar, principalmente na área mais importante, a econômica. Comparado aos oito anos do governo Lula, quando a taxa média de crescimento foi na ordem de 4,3% - abaixo da média de 6,4% do ciclo histórico de apogeu da revolução burguesa brasileira (1930-1980, conforme a periodização subentendida de Florestan Fernandes), mas superando

A ética do mensalão

Jaldes Meneses             Na onda de especulações na imprensa em torno do julgamento do mensalão, uma das prefigurações mais equivocadas é aquela que põe em confronto a presidente Dilma e o ex-presidente Lula, tirando, não se sabe de onde, a ilação que Lula perde poder, caso o supremo puna o mensaleiros, enquanto, ao contrário Dilma perde caso os mensaleiros sejam absolvidos. Afora a possibilidade de que o desfecho do julgamento ser uma solução intermediária (nem punição total, nem absolvição ampla), qualquer que seja o resultado, o PT e os mensaleiros perdem por exposição negativa em período eleitoral (não é à toa que o advogado Thomaz Bastos declara que o julgamento em período eleitoral é inadequado), ao passo que Lula e Dilma já foram “blindados” na crise de 2005/06. Dilma e Lula, a não ser que surja um improvável depoimento bombástico e teatralizado de Marcos Valério ou Roberto Jefferson, só perdem por tabela, pois obviamente não lhes interessa um conjuntural enfraquecimento do