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Mostrando postagens de novembro, 2012

Tempos de Marighella

Jaldes Reis de Meneses Novembro tem sido o mês de Carlos Marighella (lançamento de biografia, filme documentário e anistiado oficialmente pela Comissão da Verdade). Com efeito, “o guerrilheiro que incendiou o mundo”, na forma do subtítulo da densa e intensa biografia escrita por Mário Magalhães (ex-ombudsman da Folha de S. Paulo, que largou o emprego para se dedicar por nove anos à pesquisa recém lançada em livro), caso estivesse vivo seria um senhor idoso de 101 anos de idade completados também novembro. Devaneio meu, pois é de domínio público que Marighella, cabra mais do que marcado para morrer, proclamado oficialmente o “inimigo público número um” pelos militares, só seria um sobrevivente se existisse milagres na terra em que Deus nasceu, mas foi abandona por ele à própria sorte. À minha coleção de biografias preferidas, o Jesus e Paulo de Ernest Renan, o Napoleão de Stendhal e o Trotsky de Isaac Deutscher, venho a acrescentar o livro de Mário Magalhães (Marighella, o guerrilhe

Vanderley Caixe

Jaldes Reis de Meneses Recebi com atraso de quase um dia, através de uma nota comovida da professora de Letras da UFPB Wilma Mendonça, a notícia da morte em São Paulo de Vanderley Caixe, advogado, mas principalmente uma personalidade histórica das lutas sociais na Paraíba no duro período dos anos de chumbo da ditadura militar, quando dos heróicos anos setenta. Entristece-me que, afora o fluxo frenético das redes sociais, no qual uma postagem sai de cena em poucos segundos, ainda não vislumbrei na imprensa paraibana um interesse investigatório de elucidação às novas gerações de quem foi Vanderley, nem nos partidos e sindicatos sequer uma nota pública. Ironicamente, numa conjuntura na qual os dois partidos de esquerda, o PSB e o PT, governa o primeiro, ou está na iminência de governar o segundo, Estado e Prefeitura da capital, parece se passar involuntariamente uma borracha no passado das lutas sociais que foram o começo desse processo de construção de hegemonia. Não há hegemonia se

Duas Américas

Jaldes Reis de Meneses A notícia da reeleição do presidente Barack Obama foi recebida com júbilo em todo o mundo ao mesmo tempo em que ele continuará a governador uma América dividida ao meio em duas correntes ideológicas (Obama 50,4% versus 48,1% dos votos válidos, atribuídos a Romney), cindidas inclusive geograficamente (o sul é mais republicano e o norte, democrata, invertendo simetricamente as posições dos tempos da guerra civil de 1861). São dois os Estados Unidos, hoje. Um verdadeiro abismo separa as perspectivas de vida e projeto do chauvinismo de um Tea Party republicano, representativo ao americano branco do interior, das posições sociais democratas da ala liberal do Partido Democrático, ligado aos imigrantes, a juventude e a classe média cosmopolita das grandes metrópoles. Profundamente brasileiro e paraibano, sinto-me muito ligado culturalmente aos Estados Unidos (não confundir a qualquer alinhamento ao Estado americano), à poesia andarilha de Walt Whitman (cantor da de

Crise existencial no PSDB

Jaldes Reis de Meneses Acabei de ler a entrevista do hipotético candidato à presidência da república pelo PSDB, Aécio Neves, à revista CartaCapital. Pouco antes já havia lido o artigo dominical do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ao jornal O Globo ( http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?cod_post=473412&ch=n ). Duas palavras estão ausentes em ambas as intervenções, tanto na entrevista como o artigo – projeto neoliberal e Pastor Silas Malafaia. Parece que as cabeças pensantes do PSDB buscam exorcizar dois fantasmas, um do passado e do outro do presente, esquecendo-os: 1) a aversão do eleitor brasileiro (comprovado em pesquisas de opinião) à memória das privatizações, no qual o PT e demais partidos de esquerda ganharam o debate ideológico (quem se lembra de Geraldo Alckmin, no segundo das eleições presidenciais de 2006, vestindo uma camisa com as marcas da Petrobrás e outras estatais?), bem como, 2) reverter à adesão de várias candidaturas tucanas (inclusive Cícero Luc