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Mostrando postagens de janeiro, 2011

A Transição Suave

Redigi este artigo ainda o ano passado, mas ainda não havia postado no blog. A data de hoje, 31 de janeiro, é oportuna para publicá-lo, antes que a conjuntura o desatualize (o novo governo Dilma completa o primeiro mês). Boa leitura. Jaldes Reis de Meneses Há duas grandes novidades históricas na transição de governo entre Lula e Dilma Rousseff, autênticos pontos de mutação em nosso padrão republicano, que tem passado em brancas nuvens. Quando o extraordinário vira cotidiano quase ninguém percebe, invisível se torna até mesmo aos olhos dos mais atilados analistas políticos. Quais são as novidades? Em primeiro lugar, caso recordemos a série história das sucessões presidenciais a partir da emergência do Brasil moderno (década de 1920), todas as eleições foram marcados por crises políticas agudas, nas quais eram incertos inclusive o respeito ao resultado das urnas. A trama golpista compunha a cultura política brasileira, até o grave desfecho da crise do governo populista de João Goulart

Paraíba: microcosmos do Nordeste

Artigo também postado no portal www.wscom.com.br No começo dos anos 1980 um deputado paraibano do chamado “grupo autêntico” do PMDB procurou uma personalidade nascida em Pombal, recém anistiado, cujo nome de cientista tinha alcance mundial, propondo a sua pré-candidatura a governador da Paraíba. O nome do deputado era Marcondes Gadelha é a personalidade, Celso Furtado, que topou depois de consultado antigos companheiros de jornada na SUDENE – alguns expatriados e outros residindo inclusive na Paraíba –, o desafio. Cavalheiro andante em busca de mais uma (frustrada) navegação venturosa, Furtado se emprenhou pelos caminhos da Paraíba, comendo poeira estrada afora, principalmente ministrando palestras sistemáticas, brilhantes, racionais, chamativas mais ao cérebro que ao coração, onde quer que fosse convidado. Previsivelmente, a candidatura gorou. Na verdade, Celso Furtado fora joguete de uma simples manobra tática, postergatória, do setor do PMDB que o convidara, acossado pelo espectro d

Paraíba: Estado de Emergência

Jaldes Reis de Meneses A Paraíba vive um momento fora da normalidade, de verdadeiro Estado de Emergência. Os jornais e as revistas semanais da primeira semana do ano produziram com destaque farto noticiário sobre a passagem do velho ao novo governo (são 14 novos governadores, descontados os reeleitos) em seis Estados insolventes da federação, em crise fiscal e financeira: Brasília, Rio Grande do Norte, Goiás, Amapá, Pará e Paraíba (http://extra.globo.com/noticias/brasil/governadores-de-cinco-estados-iniciam-mandato-de-caixas-vazios-pires-na-mao-830567.html). Ao cotejar friamente os números relativos de todas as heranças, chega-se a uma maldita conclusão: a Paraíba ocupa o primeiro lugar no ranking das dívidas de curto e médio prazo (restos a pagar). Mas não isso, espécie de vanguarda do atraso, também nos posicionamos no pagamento dos maiores salários detectados de marajá em estatais e em números de servidores temporários, sejam comissionados ou serviços prestados. Mesmo Brasília, cuja

Ricardo Coutinho: uma nova hegemonia política

Jaldes Reis de Meneses[1] Artigo publicado no jornal A UNIÃO, em 02/01/11 Guardadas as devidas proporções, a vitória de Ricardo Coutinho ao cargo de governador da Paraíba produziu uma corrente de expectativas e esperanças comparável a primeira vitória de Lula à presidência do Brasil em 2002, ou mesmo à eleição de Barack Obama nos Estados Unidos em 2008. Desconfiando e muitas vezes descrente com a política e os políticos, raramente os eleitores se dão ao prazer de sorrir contente “da” e “com” a política. A eleição de Ricardo Coutinho é um desses casos. Logo que começou a campanha eleitoral de 2010, formulei uma simples conjectura explicativa (nada mais que isso) de que a disputa seria entre um candidato da “mensagem” (Ricardo Coutinho) contra o candidato das “estruturas” (José Maranhão). Qual o significado da polaridade? As estruturas configuram o coeficiente de conservantismo de nosso sistema político, brasileiro e nordestino, um imenso aparelho que