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Às vésperas do golpe

Jaldes Meneses No dia 30 de março de 1964, a mente atribulada do Presidente João Goulart encontrou um suave momento de pacificação ao saber de uma pesquisa do Ibope que dava uma apertada margem de favoritismo nas eleições presidenciais de 1965, contra candidatos fortíssimos como Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda, Magalhães Pinto e o azarão Adhemar de Barros. O PTB estava crescendo eleitoralmente, já sendo isoladamente a primeira bancada no congresso nacional, ultrapassando levemente o PSD. O problema que se apresentava ao projeto da reeleição era o interdito da constituição, se não bastasse a campanha do cunhado Brizola, outro impedido e também candidato, para ser ele, o candidato do PTB. Realmente, era necessário mudar a constituição, através de mais um prebliscito, a exemplo daquele que em janeiro do ano passado consagrou, com o apoio de todo mundo, desde Juscelino até Lacerda, a vitória do presidencialismo. Muito difícil, mas havia um alento, além da pesquisa: Prestes e

PT/PMDB: A Aliança Trincada

Jaldes Meneses              Invertendo o senso comum da geração de nove entre dez analistas políticos que se formaram no passado (anos oitenta, estertores da ditadura, eleições da UNE e do DCE e conversas em mesa de bar), numa mistureba intelectual periférica de curso de ciências humanas e movimento estudantil, vale dizer, entre maquiavelismo de manual e marxismo stalinista –, ambas as vertentes simplórias e taticistas –, por incrível que pareça e ao contrário das aparências, o cínico, o sábio das malvadezas, em política, na verdade, é sempre o mais ingênuo. Na canção sertaneja, o burro é quem mais trabalha; em política, o cínico é o mais ingênuo.   Por um motivo simples: o cínico tende a raciocinar como se a correlação de forças já estivesse de antemão pronta e nunca mudasse. O tipo ideal mais bem acabado do cínico em política é aquele sujeito que sempre se vale, para emitir suas opiniões, das pesquisas eleitorais. Para o cínico, Dilma já ganhou no primeiro turno e a eleição p