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Mostrando postagens de abril, 2016

Para um balanço do iluminismo

Jaldes Meneses De onde provém a força societária irresistível, profana, dos Direitos do Homem? A que ethos social atendeu a sua positivação histórica? Para responder, precisamos recorrer a história social do iluminismo europeu e a autêntica reforma intelectual e moral que seus ideais promoveram, antecedendo o processo político das revoluções burguesas. Escreve Gramsci, um de meus autores de cabeceira: "toda revolução foi precedida por um intenso e continuado trabalho de crítica, de penetração cultural, de impregnação de idéias em agregados de homens que eram inicialmente refratários e que só pensavam em resolver por si mesmos, dia a dia, hora a hora, seus próprios problemas econômicos e políticos, sem vínculos de solidariedade com os que se encontravam na mesma situação. O (...) exemplo mais próximo de nós (...) é o da Revolução Francesa. O período cultural que a antecedeu, chamado de iluminismo, tão difamado pelos críticos superficiais da razão teórica, não foi de modo

A denegação do golpe

Jaldes Meneses Uma das notas mais instrutivas sobre a política contemporânea dos “Cadernos do Cárcere” de Gramsci encontra-se no Caderno 13, sobre Maquiavel, na qual ele chama a atenção que toda assembléia parlamentar - acrescentaria eu, mesmo sob a égide do assim chamado "Estado Democrático de Direito” - trabalha internamente com algum grau, máximo ou mínimo, de cesarismo. Sei que a expressão cesarismo escapa ao leitor comum sem uma, por assim dizer, “nota técnica”. Obviamente, a expressão remete à história antiga da República Romana, à liderança em circuito fechado, seja por carisma ou controle da assembleia parlamentar, que César exercia sobre seus pares. O cesarismo trata-se da ossatura do golpe parlamentar. O genial filósofo político comunista buscava explicar as condições de ascensão de Mussolini e do fascismo na Itália (poderia acrescentar que o nazismo subiu ao poder em configuração semelhante). É pouco conhecido e refletido o fato de Mussolini (nem Hitler) não ter che