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Mostrando postagens de julho, 2011

O massacre de Oslo: guerra intercivilização

Jaldes Reis de Meneses Em 1993, em elíptico artigo escrito para a revista Foreign Affairs, o cientista político americano Samuel Huntington (Harvard University), falecido há poucos anos (2008), mais uma vez, proclamava um golpe de mestre. Digo mais uma vez, porque Huntington já havia sido premonitório ao menos em duas outras ocasiões de sua carreira acadêmica. Em 1965, em estada no Brasil, contrariando os otimistas panglossianos de plantão, ele diria que o golpe militar teria uma longa vida e que estavam enganadas as idílicas teorias do desenvolvimento – não apenas as da CEPAL, mas inclusive as desposadas pelo mainstream das universidades americanas – que consorciavam um determinismo ingênuo entre economia capitalista e democracia. Para Huntington, sociedades como o Brasil e o México eram “pretorianas” (a alusão histórica era à guarda pessoal do imperador romano antigo), ou seja, avessas à democracia liberal, estavam condenadas a seguir uma via autoritária de desenvolvime

EUA: do que é feito uma crise?

Jaldes Reis de Meneses Este artigo se propõe a defender em rápidas linhas um argumento polêmico, com um enfoque diferente da maioria dos artigos publicados na imprensa escrita ou na internet quando o tema é a crise internacional. Qual a diferença? Os artigos em geral explicam a crise com base nos dados estatísticos e econômicos, daí chegam, por dedução, à fácil conclusão, até ocular, de que o ciclo econômico capitalista, desde finais de 2008, com o evento da quebra dos títulos imobiliários americanos, entrou em uma perigosa fase de sobras cujo desfecho, qualquer que seja, reorganizará em profundidade o modo de operação do sistema no mundo. Embora seja verdadeiro, no entanto, o pecado dessa argumentação é o unidimencionalismo: ao mesmo tempo em que se põe a indispensável visada nos aglomerados macroeconômicos, é preciso tentar compreender as mutações no universo da política e o que se passa na cabeça da população americana, desta vez, em vez da periferia, junto com a Europa, o epicentr

Fetiche e sintoma

O sintoma é a exceção que perturba a superfície da falsa aparência, o ponto em que a Outra Cena reprimida irrompe, enquanto o fetiche é a personificação da mentira que nos permite sustentar a verdade insustentável. Zizek, Slavoj. Primeiro como tragédia, depois como farsa. SP, Boitempo, 2011, p. 62.