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Mostrando postagens de maio, 2014
Aos 30 anos da morte de Michael Foucault Jaldes Meneses No dia 25 de junho de 1984, há 30 anos passados, morria em Paris, de um mal recente inusitado chamado AIDS, Michael Foucault. Trata-se de um dos maiores filósofos do século XX, que soube interpretar o seu tempo, especialmente o espírito libertário dos anos 60, porém foi mais além, projetou tendências de futuro, exatamente porque seus escritos de linguagem áspera e nervosa, afiado como o estilete de um marginal, descortinou uma nova senda tanto ao conhecimento como ao comportamento. Paradoxalmente, Foucault, o filósofo que decretou a morte do autor e a falência da biografia como gênero literário, nunca é exorbitante lembrar, foi também um grande escritor, proprietário de um estilo inconfundível. Depois dele e outros seletos pensadores (cito Marx, Nietzsche e Gramsci, que lhe antecederam na crítica aos canones do conhecimento científico estabelecido), a relação da filosofia com as ciências sociais jamais seria a mes

O novo neoliberalismo de Aécio Neves

Jaldes Meneses             Há muita confusão relativa ao verdadeiro sentido da expressão neoliberalismo. Originalmente, sem dúvida, a expressão remete à agregação de intelectuais – principalmente Hayek e Von Mises, os economistas do grupo – que se reunia, no período depois da segunda guerra, nos seminários da Sociedade de Mont Pèlerin, na mesma região montanhosa e gelada dos Alpes Suiços cenário do mais célebre romance de Thomas Mann – A Montanha Mágica –, e próximo aonde se realizam os encontros anuais de Davos, que reune a nata dos gestores do capitalismo mundial. O programa da Think Tank de Mont Pèlerin, a partir dos valores de defesa de uma sociedade aberta de mercado, sem arrodeios era muito claro: a crítica a qualquer intervencão ativa do Estado na economia, especialmente as experiências inovadoras em curso na Europa ocidental, que montaram as politicas sociais universalistas de previdência e funcionaram quase em ritmo de pleno emprego.                     Embora a orige

Os erros do Vox Populi

Jaldes Meneses Fraquinho, o artigo de Marcos Coimbra (“Os adversários de Dilma”), publicado na revista CartaCapital de hoje (10/05). Coimbra ver a ser o dono do instituto de pesquisas Vox Populi, contratado oficial do PT em encomenda de pesquisas de opinião. Se Dilma estiver na dependência desses conselheiros mixurucas do príncipe para sair de seu inferno astral, ela está frita. Tampouco resolve mais ao PT o recurso mágico de comparação entre as gestões de Lula e FHC, ou a ameaça terrorista e paranóica da invasão bárbara da “direita”. Melhor que se jactar de uma vitória cada vez mais duvidosa seria fazer política de verdade e debulhar em detalhe o programa neoliberal de Aécio Neves, traduzindo para a população as propostas de arrocho salarial gestadas nos laboratórios da assessoria econômica tucana. Lembrar, enfim, que se o eleitorado vem revelando insistentemente desejo de mudanças, as ideias de aumento nos investimentos em saúde e educação não combinam com o aperto fiscal tuca

Falácias do conservadorismo

Coxinhas bem asseados, nossos conservadores precisam estudar mais.  Jaldes Meneses             Osvaldo Aranha, o lendário conspirador junto com Getúlio Vargas da revolução de 1930, embaixador nos Estados Unidos no período do Estado Novo, costumava dizer que “no Brasil as ideias costumam demorar a passar na alfândega”. Sempre me lembro dessa frase quando converso com pessoas politizadas – até acadêmicos da área de política –, e absolutamente ignorantes da existência de uma escola densa de pensamento conservador moderno, o que diz mais respeito ao baixo nível de nosso ensino universitário do que propriamente a uma hegemonia consolidada de esquerda. Nunca se pode ser hegemônico ignorando, mas conhecendo e fazendo a crítica por dentro. A vertente do pensamento conservador moderno surge na polêmica contra a revolução francesa de 1789, especialmente a crítica dos “direitos do homem” a partir do livro-marco de Edmund Burke “Reflexões sobre a revolução na França”, publicada no ano seg