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Mostrando postagens de setembro, 2008

Artista

Jaldes Reis de Meneses O melhor artista é incompleto: Sérgio Sampaio. O melhor poeta é lírico e trocou a poesia erudita Pela música popular: o capitão do mato Vinicius de Moraes. Do grande artista ninguém sabe, senão As folhas de relva no testemunho da alvorada.

Quando?

“O Jaguaribe Carne é uma voz dentro da inércia atual. Volta-se para a briga, renegando na poesia e na música, a atitude estéril, a arte do papel feita no papel. Pedro Osmar e Paulo Ró assumem a tentativa de abrir a porta ou entrar por ela pelo buraco da fechadura" Quando escrevi isso? Bobinho e esperto. Deveria ter uns 17 anos, não recordo da frase, embora conserve vivo a circunstância (ela jamais em abandonará). Muito tempo passou. De nada mais lembrava, não tenho o artigo em mãos e nem sequer na memória, mas encontrei uma citação a esmo na internet. Me emociono com essas coisas... Jaldes.
.O Jaldes Reis de Meneses Epitáfio. Vidro vazio. O Olmo continua vivo no leito da morte. Faz tremer os objetos na presença Adormecida de um rosto branco. Balança as paredes dos azulejos. Jaz. Fede. Apodrece. Ato continuo, reaparece, espectro Dissolvido pelo vento no jazigo.

Romance da Crise

Jaldes Reis de Meneses Dinheiro em Wall Street: O boiadeiro Perdeu-se No desfiladeiro .

Romance da Crise

Jaldes Reis de Meneses Dinheiro em Wall Street: O boiadeiro perdeu-se no desfiladeiro.

Machado de Assis: a má influência na formação do romance brasileiro

Pretendo glosar em rápidas palavras (praia!) o artigo do poeta e crítico literário Nelson Ascher sobre a literatura de Machado de Assis, publicado na revista Veja desta semana (21/09). O artigo tem um mérito: embora reconhecendo o evidente talento de Machado, um de nossos grandes, pretende apurar os motivos pelos quais há uma escassez, na literatura brasileira, de uma tradição romanesca realista (Ascher chama a esta literatura de “situação”) que acompanhe passo a passo, de maneira dramática, as transformações da sociedade de fundo capitalista e moderno, que funcione como uma “espécie de autoconsciência do país”. Embora tenha vergonha de citar a fonte – Ascher fala no artigo em origens “marxistas” –, o argumento é nitidamente decalcado de um conhecido ensaio de Lukács, publicado no Brasil no livro Introdução a uma estética marxista (Civilização Brasileira, 1978). Cada qual com seus motivos de vergonha. Passemos adiante. No entanto, apesar de considerar a pergunta válida, questiono a af

Schopenhauer

Neste dia de domingo de setembro pleno de ventos alísios no litoral paraibano, e sob o som de Vinícius (" um molejo de amor machucado" ), um belo poema de Alberto da Cunha Melo sobre Schopenhauer. O "cão" a que alude o poema, é claro, trata-se do animal de estimação de Schopenhauer, que ele cuidou durante os longos anos de solidão quase absoluta em Frankfurt. Diferente de nós, humanos, há uma facilidade em cuidar de cães:eles não precisam dissimular a vontade pelas máscaras do pensamento, talvez somente a dos instintos. Por outro lado, treinar o cão farejador contra o encontro com o mundo "impuro" pode ser - quem sabe? -, atitude impossível, por isso índice de irracionalidade, embora a corda-bamba de todos os n(o)ós. Para mim, a atitude de treinar o cão para proteger o dono no casulo e na solidão, escolhidos como abrigo do eremita na caverna, estará sempre baldado ao fracasso. A vida é arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Este, o cern

Francisco de Oliveira: a razão crítica contra o cinismo dos sem-razão

Entrevista concedida aos professores Jaldes Reis de Meneses (DH-UFPB) e Maria Aparecida Ramos (DSS-UFPB) Trata-se de um truísmo afirmar que o professor Francisco de Oliveira, Professor Emérito da Universidade de São Paulo (USP) é hoje um dos principais intelectuais brasileiros. Autor de uma respeitável obra de estudos sociológicos, hoje clássicos, tais como Elegia para uma re(li)gião (1977), A economia da dependência imperfeita (1989), Os direitos do antivalor (1998) e o recente e polêmico artigo O ornitorrinco , incluído no volume Crítica à razão dualista/o ornitorrinco (2003), aos 74 anos, o professor mantém-se ativo, repleto de compromissos e com uma produção intelectual intensa de quem não fica parado e pensa as questões atinentes ao Brasil e à evolução recente do capitalismo em tempo integral. Dotado de imensa coragem e independência crítica, filiado em suas origens mais antigas a Celso Furtado, com quem compartilhou a direção intelectual da SUDENE antes de 1964, é impression

Elba Ramanho

Mais um belo CD (alguém no planeta terra ainda escuta CDs?) prá comentar: "qual o assunto que mais lhe interessa?", de Elba Ramalho. Muito bom! Preciso comentá-lo, Elba está mais intelectualizada, mas sem abandonar o anticapitalismo romântico da, digamos assim, "cultura nordestina". Meu passivo analítico está aumentanto, sempre e mais.

Não tenho medo da morte

Devo um comentário, Epicuro, sobre a mais recente canção de Gilberto Gil, motivo de uma interessante discussão coletiva, em um recente grupo de estudos informal de amigos. Desde já, acho que a nova canção de Gil sobre a morte e o morrer nasce clássica, uma de suas grandes canções em todos os tempos desse artista brilhante, genial. Poucas canções nasceram clássicas ao surgir, menos ainda atualmente, época na qual inexiste qualquer espaço de compartihamento coletivo de canções, dado que a indústria fonográfica e seu sistema de divulgação implodiu totalmente. Em 100 ou 150 anos, Gil será lembrado por Procissão, Preciso falar com Deus e Não tenho medo da morte. A grande poética do compositor baiano, nosso ex ministro da cultura, no fundo, é íntima da metafísica da morte, às coisas da transcendência, tanto quanto, por exemplo, Schopenhauer. Nosso grande compositor da transendência, Gil. Preciso comentar "Banda nova cordel", um estranho CD (aberto para divulgação na internet), um c

João Cabral, em nenhum poema

Jaldes Reis de Meneses Preferir ao anjo a pantera Suprimir o preciso em vago: Nesse livro que se inconfessou: Ainda se disse, mas sem virtude. Noutro, dizendo-se de cabeceira, Disse-se nunca, porém sujo: Capaz de coçar e não gozar, Disse-se, mas com onanismo.

Rilke nos Novos Poemas

Preferir a pantera ao anjo, condensar o vago em preciso: nesse livro se inconfessou: ainda se disse, mas sem vício. Nele, dizendo-se de viés, disse-se sempre, porém limpo; incapaz de não gozar, disse-se, mas sem onanismo. Neto, João Cabral de Melo. Poesia completa e prosa. RJ, Nova Aguilar, 2008, p-369.