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Mostrando postagens de agosto, 2014

2015: a crise está chegando

Jaldes Meneses Qualquer um dos três candidatos que porventura vença as eleições, Dilma, Marina ou Aécio, por ordem de favoritismo, a partir de 2015, o tipo de governabilidade conquistada à duras penas nas eras de FHC e Lula (o governo Dilma, a Gal. Dutra de saias, não passa de um prolongamento da Era Lula), à base das grandes coalizões de partidos fisiológicos, definitivamente, se exauriu. Lado a lado ao que a imprensa tem chamado de “recessão técnica” (que a economista petista Maria da Conceição Tavares denominou de “recessão moderada” em entrevista ao jornal VALOR ECONOMICO de 29/08), o problema de contenção da inflação à base de preços administrados e da lucratividade das estatais, prenuncia-se um horizonte carregado, mais grave ainda, de crise política de governabilidade – qualquer um que seja o candidato vencedor. Guardadas as devidas proporções, as atuais eleições brasileiras relembram as de 1960 e 1989, nem tanto por motivo de dois outsiders (Jânio e Collor) terem saídos

Presença de Getúlio Vargas

Jaldes Meneses Escrevo nas proximidades do dia de aniversário de 60 anos do suicídio de um dos personagens históricos cuja bibliografia mais vasculhei e indaguei a mim mesmo a complexidade de seu martírio, mas não me anima escrever um artigo convencional sobre Getúlio Vargas, cinematograficamente atado ao episódio do suicídio. Vargas foi maior que o gesto final. Em vez das perguntas de praxe, por que não introduzir o leitor nas complexidades da história contemporânea brasileira? Realmente, um Brasil não é um país para amadores, por isso tão cativante. Estava formulando este parágrafo quando me chegou aos ouvidos, pela voz de uma minha filha ao celular, a notícia da morte de Eduardo Campos. Estranha coincidência, somente? Os melhores intelectuais intérpretes do Brasil detestavam Getúlio Vargas. Logo me vem à mente o prefácio da segunda edição de “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, escrito em 1946, no qual Vargas é descrito como “ditador totalitário”. Caio Prado Jr

As potencialidades de Marina Silva

Jaldes Meneses I Em simulações de abril, Marina atingiu a marca de 27% (pesquisa Datafolha). Evidentemente, em novas consultas, o novo índice será menor. No entanto, de saída, acredito na transferência quase absoluta dos votos de Eduardo Campos - diante do impacto da morto, inexistem possibilidades racionais de os eleitores órfãos de Eduardo migrarem para os lados de Dilma ou Aécio -, mais o recall de quem disputou uma eleição presidencial e a comoção natural da tragédia de morte acompanhada por todos nós, potencializam o crescimento imediato das intenções de votos da ex-seringueira do Acre. Quem ousa duvidar? II Nem Dilma, nem Aécio nem Eduardo Campos conseguiram capturar a potência dos acontecimentos de junho do ano passado, especialmente a simpatia da nova juventude precarizada e a da classe média decadente, a amalgama heterogênea de setores que classe que se cruzaram de raspão nas ruas. Será que Marina Silva conseguirá capturar uma parcela do eleitorado urbano que participou

A metafísica de Eduardo

Jaldes Meneses Estava me preparando para escrever um artigo sobre a morte de Getúlio Vargas e recebo a notícia da morte de um político da nova geração brasileira, Eduardo Campos, exatamente no mesmo mês agourento de agosto. Getúlio e Eduardo: sessenta anos são passados. Duas mortes trágicas - e diferentes - que abalaram o Brasil. Getúlio, cometendo o gesto agônico máximo do suicídio, pensado racionalmente como desfecho de uma crise política; Eduardo, político em ascensão, jovem e alegre, morto candidato à presidente da República ao acaso incompreensível de um acidente aéreo. Na confusão de referências da memória me vem à mente o verso de um poeta de minha predileção, coincidentemente desaparecido muito cedo, pouco mais de trinta anos completos, também de acidente aéreo, nas montanhas do Peru, em 1962, Mário Faustino: “Bateu-se delicado e fino, com/ Tanta violência, mas tanta ternura!” Numa manhã chuvosa em Santos, tanta violência contra tanta ternura. Sempre é difícil aceitar a mo