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Mostrando postagens de abril, 2011

Em defesa de Chico Cesar

Jaldes Reis de Meneses A Paraíba tem a vocação das ruínas: se compraz no exercício sado-masoquista de tentar demolir as pessoas que tiveram a ousadia de fazer o caminho da aventura, os que tiveram a coragem de enfiar as roupas na mala, os que pegaram o ita do norte rumo ao êxito, vencendo preconceitos e se afirmando na linguagem universal da arte. Alguns morreram sem ter o reconhecimento em vida, como na letra do samba de Nelson Cavaquinho, a exemplo de Augusto dos Anjos. É triste afirmar, mas praticamente todos os nossos grandes artistas foram ou o são discriminados em vida: foi assim como José Lins do Rego, ainda é assim com Ariano Suassuna – só muito recentemente reconciliado com a Paraíba – e Elba Ramalho. Aparentemente, parece que preferimos vê-los de longe, no pedestal, mas os queremos afastados do convívio cotidiano. Sequer se trata de acatar, integralmente, na polêmica, as eventuais posições estéticas de Chico Cesar. Contudo, é golpe baixo mentiroso afirmar (li artigos que

As mortes de Realengo

Jaldes Reis de Meneses Antes de abordar diretamente a tragédia de Realengo no Rio de Janeiro, cuido de tratar de nós mesmos, os que assistiram terrificados. O senso comum psiquiátrico prefere classificar o ato inumano do jovem genocida Wellington Menezes de Oliveira como obra de um psicopata, um esquizoide, um anormal, ou seja, mais uma perversão da natureza do que um produto determinado (portanto, por mais oculto, o ato seria passível de explicável) das relações sociais, uma irrupção inesperada, tão incontrolável como um terremoto no Japão. Contra a irrupção de um terremoto só podemos oferecer os paliativos da racionalidade da engenharia e do planejamento (ensaiar insistentemente os planos de evacuação, como nos deu a lição o disciplinadíssimo povo do Japão), assim como contra a irrupção de uma maldade que se revelou absoluta, desamparados, buscamos realizar o que Freud chamou de trabalho de luto a partir de um bálsamo terapêutico sistematizado desde a civilização grega: r