Considerações extemporâneas
Jaldes Reis de Meneses Ao final da noite de terça-feira, ainda acordado e sonolento, os sentidos dos meus olhos e ouvidos um tanto em estado alfa, desatento ao chato desenvolvimento do enredo da série global “Brado retumbante”, meu corpo parecia finalmente ceder ao sono. No entanto, a cena de uma sentença peremptória pronunciada pelo interlocutor do presidente brasileiro de ficção, Paulo Ventura – às voltas com o dilema de aceitar a opção transexual de um filho –, me pôs os neurônios a funcionar a pleno vapor – “Paulo, você ainda é um homem do século XX”. Curiosa coincidência. Havia lido a mesma frase no sábado, em um artigo de meu caro amigo de adolescência, o jornalista Silvio Osias, no jornal “Correio da Paraíba”, a propósito do hábito de cultivo pelos jovens de hoje de música a granel, através dos arquivos de MP3, e o conseqüente desaparecimento em música pop do conceito de “álbum” – a experiência de audição de uma série de canções cujo conteúdo forma uma totalidade temática –,