INVASÃO ZUMBI: ENTRE O CAPITAL FINANCEIRO E O PROTESTO SEM JUIZO
Jaldes Meneses Uma melhores frases de Slavoj Zizek - mais um moralista de frases inspiradas que propriamente um teórico sistemático -, recita que o cinema nos permite sonhar o mundo acordado. Se quisermos saber a quantas anda a situação do mundo, uma das redes de frequência é sintonizar as imagens das telas. Portanto, em tempos de barbárie, especialmente na ocasião em que um zumbi de tons alaranjados se prepara para tomar posse na Casa Branca, dia 20 de janeiro, faz sentido reeditar a velha metáfora dos Zumbis, já explorada à exaustão no cinema. Certamente, sempre houve um charme trash nos filmes de zumbi, sintetizado naquela frívola ideia cult (o quê do cult não é frívolo?) que o luxo vem do lixo. Quem melhor agarrou involuntariamente a ideia foi Zé do Caixão (Conffin Joe para o público de festivais de cinema nos Estados Unidos), que expôs com maestria de dar dor nas vísceras, de câmara mão e uma ideia na cabeça, o máximo da bizarria do subdesenvolvimento brasileiro.