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Mostrando postagens de fevereiro, 2018

A isca bonapartista de Temer

Jaldes Meneses Temer esteve hoje à tarde (22/02) na sede do Ministério da Defesa em um reunião do Conselho Militar do ministério. Percebam, não foram os militares que foram ao Planalto, mas Temer que se deslocou aos militares. Passasse o fato em dias corriqueiros seria uma visita banal, mas após e decreto de intervenção federal-militar no Rio de Janeiro, o gesto reveste-se de agudo simbolismo. Por enquanto, apenas simbolismo - não à toa, foi o primeiro presidente brasileiro a visitar aquele ministério.  Falou-se muita coisa sobre a intervenção, mas um detalhe da maior importância tem passado relativamente incólume. Em termos de teoria política, o gesto de Temer decretando pela primeira vez uma intervenção é clássico. O ato foi tipicamente bonapartista.  Muita gente que discute a questão do bonapartismo resume o conceito à emersão de um personagem histórico que surge numa situação de equilíbrio catastrófico de classes com a missão de arbitrar o conflito social. Além de

A jogada bonapartista de Temer. Recriar um bolsonarismo sem Bolsonaro

Jaldes Meneses Muita retórica balofa e repetição de esquemas prontos de antemão na maioria das análises que tenho lido sobre a intervenção federal-militar de Temer no Rio de Janeiro. Houve um golpe parlamentar no Brasil, suas fases, papel da rede globo, etc. etc. etc. Mas nada substitui a análise concreta da situação concreta. Um hegelianismo vulgar voltou a fazer escola. Não se deve hiperracionalizar os acontecimentos como se obedecessem a um plano prévio milimetricamente articulado por um comando único. Compor uma narrativa neste molde, além de equivocado, não convence ninguém fora do circuito restrito dos convertidos. Desconfie da teologia política dos que não se surpreendem com os acontecimentos, como se já os soubesse por vê-los em alguma providencial bola de cristal.  No caso da intervenção federal-militar no Rio de Janeiro, embora evidentemente resulte em consequências diretas na montagem em curso de um Estado de Exceção, a decisão de Temer é de ordem conjuntural