Eleonora e a nave

Belo, o Teatro Santa Rosa, aquele salão inteiramente recoberto de pinho de riga, aquele largo palco italiano de tantas histórias. Tive esses pensamentos, reconheço, nada originais, no espetáculo de lançamento do novo disco da cantora e compositora Eleonora Falcone. Eleonora estava em casa, ela se adapta ao palco (“Eleonora e a nave”: a sonoridade de um verso). Nem todas as cantoras conseguem dominar o palco de um teatro. Por outro lado, fiquei, de alguma maneira, macambúzio, por uma intuição que comentei com Cida e alguns amigos: creio que as pessoas estão se “desacostumando” com a forma do espetáculo musical em teatro; com cenário, conceito e atenção concentrada na audição. Hoje, predomina em música, a audição no ginásio, em bar, em praça pública, tudo isso em geral ligado a muita bebida e dança. O bar, o ginásio, a praça pública, desconcentram. Trata-se de uma perda estética, uma regressão da audição. O processo já começou há muitos anos com a impaciência geral para com a “música erudita”, até chegar recentemente a mais fina flor da “música popular”. (Jaldes Reis de Meneses).




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