Hai-kai e Hai-quase (III)

Recebo mais um hai-kai do poeta Lau Siqueira, também muito bom, embora possa ser um hai-quase. O poeta desdorda da forma fixa do hai-kai somente no último verso. A questão é a seguinte: temos uma forma ao nosso dispor e podemos trabalhá-la de duas maneiras, aceitando o desafio minimalista proposto pela forma fixa do hai-kai (dezessete silabas poéticas, 5, 7, 5) ou desbordar, chegando até um verso livre de tipo elíptico. Ambas são válidas. Por outro lado, forma fixa ou estilizada, sobra o principal: o que os versos efetivamente dizem ao mundo. No caso de Lau, seguindo a uma classificação puramente didática, o hai-kai anterior era mais “Alberto Caeiro” (pastoral) e o segundo é mais “Álvaro de Campos” (existencial, metafísico, moderno, etc.).

suicídio lento
na mobília da alma
os versos que invento

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