Jaiel de Assis

Tenho um grande carinho por muitas figuras humanas, pessoas as quais perdi contacto, muitas das quais retornei pela internet. Uma delas, Jaiel de Assis, uma pessoa importante na música paraibana dos idos dos anos 70, junto com Pedro Osmar, Ivan Santos, Paulo Ro, Aranha, Zé Ramalho, etc. Jaiel tem uma origem meio ambígua entre o Roger e Jaguaribe, mas, enfim, um cara importante e meio esquecido (ou não?) na esquecida trajetória da música popular na Paraíba. Recordo principalmente (por que recordo disso?, tenho memória de cão, da comemoração de um ano novo, creio em 1978 - quase trinta anos e parece que foi ontem -, tinha 18 anos, na qual Jaiel apontava um novo futuro pra o Brasil, a sociedade brasileira, o mundo. Me impressionou). Eu já exercitava umas teses pela esquerda nessa época em Jaguaribe, participando e às vezes desconfiando do vanguardismo do Jaguaribe Carne, que vi nascer na origem mais remota, mas também polemizava, meio como um advogado do diabo. Acompanhava e participava criticando, hehe! Nem sabia bem porque polemizava, reconheço. Era pura diversão. Tanta coisa mudou depois, né? Fomos todos lançados no mundo, mas acho que esses amigos de minha geração ou um pouco antes, cumpriram e estão cumprindo uma bela trajetória. Especificamente sobre Jaiel, não tenho certeza, mas sua canção mais conhecida, penso que seja “Beijo, Morte, Beijo”, em parceria com Pedro Osmar, uma bela elegia, gravada num dos primeiros discos de Amelinha, reagravada por Zé Ramalho no CD “Nação Nordestina”, em 2000. Depois, coisa de 1982, era dirigente do PCdoB (nada tenho a ver hoje com esse partido, senão o reconhecimento que aprendi muita coisa ali dentro, inclusive a crueza de um cálculo realista, com todas as contradições do realismo), estudante de engenharia, portanto afastado de meios culturais, e escutei ao acaso a voz de Jaiel de Assis em uma passeata do Movimento Contra a Carestia, se dirigindo ao Palácio do Governo. Era uma “canção de protesto” sobre o assassinato doperário Santo Dias. É a segunda vez que lembro intenso da figura de Jaiel, de alguma maneira efetuando as teses politizadas de 1978. Hoje, Jaiel vive na região norte, em Rondônia (Porto Velho), ao que me parece exercendo a profissão de economista. Jaiel precisa voltar a visitar João Pessoa...
Posto a seguir a letra de uma canção de Jaiel incluída no livro “Gente Operária”, no tom do começo da década de 80, antes do rock de Cazuza, Lobão e Renato Russo, a partir de uma musa chamada Sandra (certamente irmã de Dé, Águia Mendes, estou sem certeza plena). Uma bela letra de uma canção que não conheço, mas sinto a sonoridade. Grande Jaiel de Assis! Vida longa, companheiro! (Jaldes Reis de Meneses).


A noite vermelha de Sandra

A noite vermelha de Sandra
É tão vermelha
E lembra um operário
Que tombou
O sangue dos pobres
Nas bandeiras
Os campos de tortura
De terror
O Quênia briga e eu entendo
A luta dos negros por amor
A Rodésia briga e eu entendo
Esse grito negro por amor
Nossa luta é feita
De amor e balas
Balas caramelos de hortelã
Que entra no peito
Transforma o guerreiro
Nesse sonho feito Caiporã
Nada brilha
Tudo é céu de fênix
Tudo é mistério
Nesse céu de fênix
Estrela do amanhã
Cidade do amanhã
Estrada do amanhã
Leva meu grito
Meu brilho escondido
Nesse sonho feito Caiporã
Subiremos em todas as estrelas
Nessa águia todo sonhador
Vence distancias
Vence barreiras
Nesse sonho disco planador

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