O Poeta e a Palavra
Jaldes Reis de Meneses
Tão lírico morreu,
Tornou-se natureza morta.
As palavras entortaram-no nas últimas tripas
Do mais belo poema.
No epitáfio, mandou cunhar alguns versos à amada,
Em letras de ouro roídas pelas traças:
Ave palavra, por que és tão traiçoeira, escolhes alguns,
Mas não acolhes os amantes?
Que tens contra, palavra, a paixão, a solidão e o tédio?
Qual a dificuldade em trazer chuvas a um soneto?
Por que sofres de resfriado nas madrugadas diáfanas?
Por que detestas os jovens e as mulheres bonitas (esses eternos sensíveis)?
Por que não tens curiosidade pelos que fazem strip-tease em praça pública?
Por que és tão pudica, palavra, e não bebes nem fumas?
Que mal o poeta, tão terno (já sei que detestas a ternura), te fez ou te faz?
Amei-te sem correspondência, palavra.
Fui e deixo-te para outros que provarão
Da ilusão de tua língua cerebrina.
Jaldes Reis de Meneses
Tão lírico morreu,
Tornou-se natureza morta.
As palavras entortaram-no nas últimas tripas
Do mais belo poema.
No epitáfio, mandou cunhar alguns versos à amada,
Em letras de ouro roídas pelas traças:
Ave palavra, por que és tão traiçoeira, escolhes alguns,
Mas não acolhes os amantes?
Que tens contra, palavra, a paixão, a solidão e o tédio?
Qual a dificuldade em trazer chuvas a um soneto?
Por que sofres de resfriado nas madrugadas diáfanas?
Por que detestas os jovens e as mulheres bonitas (esses eternos sensíveis)?
Por que não tens curiosidade pelos que fazem strip-tease em praça pública?
Por que és tão pudica, palavra, e não bebes nem fumas?
Que mal o poeta, tão terno (já sei que detestas a ternura), te fez ou te faz?
Amei-te sem correspondência, palavra.
Fui e deixo-te para outros que provarão
Da ilusão de tua língua cerebrina.
Comentários