Ulisses
Jaldes Reis de Meneses
Fazer um poema sem corpo presente
Com os músculos presos em um tablado
Sujo de trabalho, sal e maresia.
Passar pela experiência da existência
Seminua de um rio sem plumas
Ou de um pássaro sem canto.
Ganhar o cosmo infinito
No espaço escuro de um quarto.
Mas sem abrir as janelas de vidro.
Contemplar preso o abismo,
Atraído pelo cheiro das rosas
Exalantes ao fundo do poço.
Escutar atento ao canto das sereias,
Calado, sem esboçar reação,
Como Ulisses atado ao mastro.
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