A crise americana (iii)

Manchete em todos os jornais de hoje (31-01-08): FED baixa os juros em 0,5%. Em um post de dias passados (quarta-feira, 23/01/08), quando da primeira baixa, afirmei que os juros cairiam ainda mais, confirmando o diagnóstico da crise como de superoferta de crédito e depressão no consumo, sem possibilidade imediata de alta da inflação, hehe. A crise vai continuar e terá como um dos solventes os episódios da indefinida e emocionante corrida presidencial americana, o evento mais importante do ano, caso não haja surpresas no mundo, pois estamos assitindo a um processo de exaurimento societário da estratégia dos neoconservadores e da aliança obscurantista desse pessoal intelectual burocratizado com o fundamentalismo religioso cristão. Há uma certa confusão no Brasil sobre qual seria a real localização ideológica dos neoconservadores. Já li gente metida a entendida até escrevendo que são iluministas. Estão distantes do iluminismo, embora se digam racionais. Na verdade, são todos historicistas de direita, embora cultores de um realismo político a que chamam de " maquiavélico", certamente para desgosto do florentino. Basta estudar a tese do "choque de civilizações" de Samuel Huntington, especialmente a classificação do conceito de civilização pelo de religião, o que incide de frente contra o fundamento primordial do velho iluminismo: a universalidade. Levando em consideração que o epicentro da crise são os Estados Unidos, este belo país, esta cultura inclusiva de Duke Ellington e Andy Warhol, é que estou propositalmente postando - "crise americana", com ressonância mundial, é óbvio, em vez de "crise mundial". As palavras embora graciosas nunca são de graça. Voltarei ao assunto com um artigo mais denso. E viva o carnaval brasileiro! (Jaldes Reis de Meneses).

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