Barack Obama (i)

Conversa jogada fora nos corredores da UFPB: Barack Obama é carismático. Ah, tá. Mas, o que significa carisma, uma dádiva de Deus a determinados escolhidos seletos? Caso pensemos assim, carisma não é conceito, somente um cerrado mito, uma irracionalidade a mais, impedindo a liberdade de pensamento. Afastada a hipótese divina, indiscutivelmente o carisma existe na qualidade de uma relação social, por isso Weber estudou uma forma de dominação que chamou de carismática, nomeada por ele como uma das três formas de dominação como a legal-racional e a tradicional. Nas sociedades contemporâneas, a dominação tradicional falecendo aos poucos, por outro lado, o carisma é cada vez mais atuante, compondo um mix com a dominação burocrática legal-racional. Gramsci, comentando Weber, faz uma afirmação de carisma que considero brilhante: para o pensador italiano, o carisma se impõe em um vácuo, um vazio social, ou seja, quando há uma distância entre as forças políticas organizadas institucionalmente (vale dizer, de modo “legal-racional”) e as aspirações populares. O carisma irrompe neste hiato, não é nem salutar, nem danoso, mas um processo que se abre não se sabe para aonde. Neste sentido, o carisma instaura uma fenda de indeterminação. Barack Hussein Obana não tem programa. Nem precisa. Trata-se desde já, moço, de uma legenda, por isso seu futuro político só comporta duas opções: a glória histórica ou o fracasso total, nem pelo que é realmente (certamente uma pessoa inteligente ou ao menos sagaz), mas pelo que começa a significar. Precisa de refrões de “esperança”, e “mudança”. No caso específico das eleições primárias dos Estados Unidos, para além do exame consciencioso do programa de Obama, o que realmente conta são as aspirações adormecidas que a figura do jovem senador negro vem mobilizando, em um momento decisivo da sociedade americana. (Jaldes Reis de Meneses).

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