Desconstruindo Paulo Coelho
Simplesmente imperdível o artigo do escritor e diplomata Marcelo O. Dantas na revista Piauí desse mês de fevereiro. Em edições anteriores foram desmontados FHC e José Dirceu, inconfidentes, tagarelas, ciosos, coitados, de mostrar poder diante dos jornalistas que os acompanhou durante alguns dias em viagens internacionais. Pois bem, foram produzidos perfis reveladores, nos quais, a par da inteligência e capacidade de liderança de ambos, aparecem, dois malandrinhos, dois cínicos mascates do capitalismo brasileiro, FHC como "estratego" e depois "codontieri" da burguesia brasileira, Dirceu como despachante de luxo, cada um fiel ao estilo pessoal. Desta vez, o alvo é Paulo Coelho, um dos escritores mais lidos e vendidos no mundo. Marcelo O. Dantas não perde tempo com uma análise literária de Paulo Coelho, até porque a praia do Mago não é a literatura. O escritor-diplomata segue o rastro das influências ocultistas de Paulo Coelho, demonstrando, de maneira convincente, que ele, de fato, jamais renegou e continua fiel à única fonte de pensamento que estudou a serio até hoje: Aleister Crowley, descoberto nos tempos da chamada “sociedade alternativa”, junto com Raul Seixas, no começo dos anos 70. A viagem de Coelho pelo satanismo continua, embora isso nada tenha a ver com convicção, somente com oportunismo, pois A. Crowley fornece algumas referências cruzadas de filosofia, de história das religiões, de mistério, enfim, de que o autor precisa para continuar acumulando dólares e euros. O que Paulo Coelho conta é outra história: viu satã e todo o mal numa viagem ruim, junto com a mulher, e desse dia em diante renegou o compromisso com as sombras. Feito São Paulo no caminho de Damasco, com a diferença que em Saulo a luz vinha do bem, ao passo que em Coelho, a luz vermelha lhe fez procurar o fio do caminho de São Tiago de Compostela ao encontro de Deus. Marcelo O. Dantas desmonta a conversa fiada do Mago até cronologicamente: recentemente, escritor famoso, o ex-parceiro de Raul Seixas contou que o rompimento com o diabo deu-se em 1974, mas Dantas mostra que ainda em pleno ano de 1985, ele se apresentava como “vampirologo” (seja lá o que seja isso). A fraude vai entrar em declínio? Claro que não, embora, conforme Crowley, 11 seja um número cabalístico, fatal e regressivo. Todos, devemos temer a perigosa curva dos onze. Paulo Coelho emplacou 11 livros... (Jaldes Reis de Meneses).
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