Noel, parceria público-privada
Os brasileiros em geral, mesmo os mais instruídos, entendem pouco da natureza e do conteúdo do capitalismo histórico tupininquim. Tudo se passa desapercebido às nossas barbas, tanto olhamos e sequer vemos. Um tipo especial de cegueira. Falou-se durante um tempo das parcerias público-privadas, logo no começo do governo Lula, como se fosse uma novidade, quando na realidade é algo muito antigo entre nós, um pais no qual a fusão de empresas telefônicas privadas é definido no gabinete presidencial como assunto de segurança nacional. Uma das sequências mais instrutivas do filme "Noel", sobre a vida do poeta da vila, que assisti ontem, encontra-se, mais que as escritas no roteiro (um esforço mediano a partir da matéria-prima de um enredo que poderia resultar em um grande filme, o universo do samba nos anos 30), nos letreiros de abertura: uma longa seqüência dos patrocínios, das lojas C&A, ao BNDES e a Petrobrás, e ainda fundos de pensão, etc, etc, tudo enformado pelo abraço do logotipo da Globo Filmes. Consta de qualquer filme arrolar os créditos dos patrocinadores, mas no caso de "Noel", são quebrados todos os recordes de tempo. Sábia decisão. Pagou o meu ingresso.
Comentários