Barack Obama

Não é mais surpresa pra ninguém: Obama, uma espécie de Lula nas condições americanas, deve vencer Hillary, nas primárias do dia 04 (terça-feira), sendo ungido candidato do Partido Democrático. E leva a crer – ainda não é certo – que será o primeiro presidente negro dos Estados Unidos da América. Acho bobagem o cálculo republicano de que é mais fácil enfrentar Obama. Nada. Ledo e ivo engano (esse poeta alagoano cheio de onda, rsss, onda?). Onda prá valer é Obama. O homem é onda, símbolo, movimento represado lá atrás. Movimento de sociedade mais que partidário. Uma onda que cresce e ainda não se esgotou. No que vai resultar a onda, eis a questão. Barack Obama é, ao seu modo inédito, um quadro da elite norte-americana. Por outro lado, muitos de seus apoios discrepam da elite (aliás, bastante interessante a nada discreta piscada de olhos de Hugo Chavéz a Obama), ou seja, há em torno da figura de Obama expectativas mil que ele não controla. Sequer escrevo coisa nova, nem quero sugerir uma espécie de “otimismo da inteligência”: a emergência de um novo projeto de sociedade americana nucleada na capacidade aglutinativa do jovem senador negro do Havaí (rs, Havaí?). Legal: mais ou menos como um presidente brasileiro vindo do Acre. Se não há projeto novo em Obama, surge a questão chave: nada há de novo a fazer no Iraque e no Afeganistão, e quase tudo dos destinos (vale dizer, tudo situado de fora dos escaninhos infantilizados da economia do desejo do marketing político) de seu eventual governo (a prova dos nove) será decidido por aí – mais do que pelo lado da crise econômica (que mobiliza as atenções na campanha eleitoral). As tropas continuarão acantonadas no deserto e nas montanhas. Arrisco a um palpite: ele não vai retirar as tropas do Iraque a curto nem médio prazo, desfazendo o consenso heterodoxo e heterogêneo constitutivo da onda prestes a virar tsunami eleitoral - a confraternização de Bill Gates e Georges Soros, dos jovens idealistas e dos negros discriminados. Lindo, Obama! E Cuba, que eu tenho abordado tanto aqui no blog? Embora assunto importante (a Ilha encontra-se a 150 km! da Flórida, uma confluência de águas azuis bossa novistas), Cuba está longe de constituir prioridade. O fio do novelo continua do Oriente Médio. (Jaldes Reis de Meneses).

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