Tudo que vejo


Jaldes Reis de Meneses

O poema que vi não consigo escrever.
Posso até descrevê-lo em imagens perfeitas.
Mas não é mais a mesma coisa. Por isso, penso nas flores,
Na morte pousada em um ramo de árvore
Feito um pássaro que nunca vi.
Como descrever este pássaro manso
Senão como um aluvião de miragens insólitas,
Como peças de roupas que se despregam,
Um avião derrapando na pista, um amor perdido,
Um cego que vê? Tudo que vejo sem entender.
Tudo que entra e ao mesmo tempo não sai.
Mansa e rasa, cascalho sem profundidade,
A coisa sequer sai de mim e já se foi solta,
Mas para aonde, para aonde?

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