Vitória da Conquista (work in progress)


Jaldes Reis de Meneses

A assepsia de um cigarro
Ao apagar da chama fria,
Embaixo dos lençóis chiados
Enevoentos e menstruados
Da Chapada dos Guimarães,
Dos Veadeiros, da Diamantina.
Tudo igual profundo, de menos
É dar lição de geografia,
De arbusto e de paisagem.


Nomeio sertão, mas poderia
Chamar descampado, caule
Fino de ossos, cobra raquítica
Rastejando o sangue frio
Na pele de jararaca, salamandra.
Por isso, reacendo o cigarro
E penso em minha morte
Para deixar de morrer.
O sertão é minha oração.


Depois do tempo de mocidade
É que se divisa a vereda,
Até então é possível dissimular
O sexo, empreender guerras.
Sucedido, o sertão é de quem
Caminha acossado por um tropel
De milícia, Antonio das Mortes
Metafísico matador de cangaceiro
E de seus dantos frutos globosos.



Em pleno coito do buriti
Quis interromper a viagem.

Enganei-me ao encostar
De sede à sombra da palmeira.
Como encontrar uma donzela
Perdida no sertão baiano?
Qual a lista telefônica,
O poema épico, o amor
De Riobaldo e Diadorim?


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