Sobre Samuel Huntington (III)
Prezado Antonio Cícero,
Nós dois concordamos com a alcunha de reacionário em Samuel Huntington. Ele discordaria dos dois, pois nas oportunidades que teve de se pronunciar sobre o assunto, se dizia liberal. Ainda mais, como você sabe, Huntington sequer era quadro do partido Republicano e colaborou em várias administrações democratas.
Falei alguma coisa sobre a sociologia das religiões de Weber no e-mail anterior e esqueci do principal. O extraordinário sociólogo alemão tinha no pensamento uma idéia de trazer para a Alemanha de Bismarck os institutos do regime político liberal (os elementos do regime parlamentarismo inglês e da democracia norte-americana), mas, desde que, estivessem integrados funcionalmente a um projeto nacional de “grande Alemanha”. Neste sentido, era como se ele fosse liberal por um lado e reacionário por outro. Na constelação das ideologias, uma ambigüidade realmente existente, se levarmos em consideração, por exemplo, as peripécias do liberalismo brasileiro, ontem e hoje. As contradições das (auto)definições de Huntington navegam nessas águas (turvas).
Um forte abraço,
Jaldes.
Caro Jaldes,
Quanto ao Huntington se dizer "liberal", lembro que o Olavo de Carvalho também o faz.
Abraço,
Antonio Cicero
Caro Antonio Cicero,
Claro, o Olavo de Carvalho, o Diogo Mainardi, o Marco Maciel, o Eduardo Gudim, o Roberto Campos, o Octávio Gouveia de Bulhões, etc, se dizem (diziam) liberais. Este o problema. Será que a proclamação é somente mistificação ou há algo de estranho sobre os destinos e a recepção da própria teoria liberal na proclamação?
Gosto da cepa de liberais italianos, da estripe do Gobetti (que belo e importante livro é o "Socialismo Liberal"!). Admiro, mas não acho tão legal, o Merquior, aqui no Brasil. Mas vem mais: Acho você um ensaísta sério e brilhante, com tantas idéias fecundas (gosto muito, por exemplo, de sua embocadura sobre o modernismo brasileiro, a forma como desmonta o conservadorismo de Mario de Andrade, suas brigas pela particularidade da arte e da estética... a série é longa). E a poesia! Que belo poema "Guardar", entre vários que gosto!
Um forte abraço,
Jaldes.
Nós dois concordamos com a alcunha de reacionário em Samuel Huntington. Ele discordaria dos dois, pois nas oportunidades que teve de se pronunciar sobre o assunto, se dizia liberal. Ainda mais, como você sabe, Huntington sequer era quadro do partido Republicano e colaborou em várias administrações democratas.
Falei alguma coisa sobre a sociologia das religiões de Weber no e-mail anterior e esqueci do principal. O extraordinário sociólogo alemão tinha no pensamento uma idéia de trazer para a Alemanha de Bismarck os institutos do regime político liberal (os elementos do regime parlamentarismo inglês e da democracia norte-americana), mas, desde que, estivessem integrados funcionalmente a um projeto nacional de “grande Alemanha”. Neste sentido, era como se ele fosse liberal por um lado e reacionário por outro. Na constelação das ideologias, uma ambigüidade realmente existente, se levarmos em consideração, por exemplo, as peripécias do liberalismo brasileiro, ontem e hoje. As contradições das (auto)definições de Huntington navegam nessas águas (turvas).
Um forte abraço,
Jaldes.
Caro Jaldes,
Quanto ao Huntington se dizer "liberal", lembro que o Olavo de Carvalho também o faz.
Abraço,
Antonio Cicero
Caro Antonio Cicero,
Claro, o Olavo de Carvalho, o Diogo Mainardi, o Marco Maciel, o Eduardo Gudim, o Roberto Campos, o Octávio Gouveia de Bulhões, etc, se dizem (diziam) liberais. Este o problema. Será que a proclamação é somente mistificação ou há algo de estranho sobre os destinos e a recepção da própria teoria liberal na proclamação?
Gosto da cepa de liberais italianos, da estripe do Gobetti (que belo e importante livro é o "Socialismo Liberal"!). Admiro, mas não acho tão legal, o Merquior, aqui no Brasil. Mas vem mais: Acho você um ensaísta sério e brilhante, com tantas idéias fecundas (gosto muito, por exemplo, de sua embocadura sobre o modernismo brasileiro, a forma como desmonta o conservadorismo de Mario de Andrade, suas brigas pela particularidade da arte e da estética... a série é longa). E a poesia! Que belo poema "Guardar", entre vários que gosto!
Um forte abraço,
Jaldes.
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