Barcarola
Este poemeto surgiu de uma rápida conversa com a poeta e cantora Fidélia Cassandra, conhecida dos tempos de movimento estudantil em Campina Grande, na década de oitenta. A ideia é simples: apanhar a metáfora da viagem, constante na tradição poética, pelo menos, desde a Ilíada, e trazê-la da épica até os dias banais, dois movimentos combinados, já sugeridos, tanto pela saga de Ulisses como pela espera de Penélope. A espera e os dias banais, poesia lírica por dentro da épica. O título - Barcarola, canção dos gondoleiros de Veneza, no qual a cadência do verso procura reproduzir o compasso dos remos batendo nas águas -, nos foi sugerido por Fidélia, superando minha deficiência em títulos e sínteses. (Jaldes Reis de Meneses).
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Barcarola
Jaldes Reis de Meneses
Fidélia Cassandra
Se na ida o remo da barcarola raspa o chão,
No retorno da maré ele volta mais fundo.
Ainda mais: mesmo na epiderme
Fidélia Cassandra
Se na ida o remo da barcarola raspa o chão,
No retorno da maré ele volta mais fundo.
Ainda mais: mesmo na epiderme
Dos dias banais
O que fizemos
Retorna coisa abissal.
O que fizemos
Retorna coisa abissal.
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