Michael Jackson

Jaldes Reis de Meneses

Os inocentes abandonam a castidade,
Um pezinho pisado em Neverland.
A dança das pernas mais os gestos das mãos:
Nunca lhe interessou ser preto nem branco
Mas um corpo ereto de homem solto no ar.

Os inocentes não sabem, pecam os nossos pecados,
Mas os cínicos são preparados para durar mais tempo.
Os inocentes simplesmente olham a água do lago,
Vêm espelhados duendes e dumbos, guloseimas e fantasmas.
Os inocentes não são de prestar atenção.

Mal sabem os inocentes que todas as festas são bacanais,
Nem que seja um beijo roubado ou um amor escondido.
Já que um inocente partiu, melhor que ressuscitá-lo
Em face de seu cadáver insepulto
É respeitar o sono profundo do último barbitúrico.

- Antecipar o encontro fatal no juízo final com Joe Jackson, para quê?
- Pagar a dívida de remédios na farmácia, qual o sentido?
- Receber a homenagem no show da Madonna, vale a pena?
- Satisfazer a morbidez de um remoto fã brasileiro, qual o interesse?
- Voltar atrás no ato de lucidez e jogar o filho na sacada do hotel, jamais!

Esquecê-lo, liberá-lo de nossas taras, nossos dinheiros,
Nossas carências, nossos devaneios.
Fechar à chave a porta do ataúde
E jogar as cinzas no mar.

by, Michael.

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