O primeiro minuto
Escrevi o pequeno texto abaixo na semana subsequente ao carnaval, mas ainda não havia me animado, por puro desleixo, a postá-lo. Pode ter alguma utilidade no balanço dos primeiros dias do governo de Ricardo Coutinho .
Jaldes Reis de Meneses
Avaliar o resultado de um jogo de futebol ou de uma maratona no primeiro minuto é uma tarefa das mais temerárias. Todavia, como a atividade política consciente requer o tempo inteiro balanço e previsão, sempre se pode dizer alguma coisa de útil do desempenho do governo Ricardo Coutinho.
Deve-se perceber que o governador foi eleito cercado de enorme expectativa, a partir de uma aliança plural (indo do DEM ao MST)– que juntou adversários e surpreendeu aliados –, mas com um claro objetivo político: renovar a política paraibana. O resultado eleitoral teve duas consequências, ainda mal avaliadas:
1) Definitivamente, encerrou o ciclo de polaridade entre os grupos de Maranhão e Cunha Lima. Acabou-se esse tempo. Doravante, a polaridade haverá de ser outra. No entanto, atualmente só é visível o processo de montagem do bloco do governo, ao passo que na oposição perdura desorientação, com vários personagens querendo retornar aos velhos tempos que não voltam, senão como farsa.
2) Inegavelmente, Ricardo Coutinho trouxe ao palco da política e da administração do Estado um novo segmento social e geracional, composto dos movimentos sociais e da geração de estudantes, hoje políticos, técnicos e intelectuais, que começou na política no momento instituinte dos anos 80 (vale lembrar que os anos 80 no Brasil foram perdidos na economia, mas ricos em termos de criação política).
Portanto, vivemos, na Paraíba o primeiro minuto de uma transição política de largo alcance, que começou com um cenário – herança deixada pela nova oposição – de verdadeiro Estado de Emergência, de alta desorganização fiscal e financeira nas contas públicas. Há que se ter pulso firme nesta hora, ou seja, para além das pressões setoriais econômico-corporativas de curto prazo, ter a consciência de que qualquer projeto de futuro só poderá ser levado adiante com a reorganização das contas do Estado. Neste sentido, a ação do governo tem sido racional, um ator consciente da direção política a imprimir aos fatos.
Se quisermos detectar, no calor do primeiro minuto, um momento decisivo (como se fosse a cobrança de um pênalti) quanto aos rumos do governo, sem dúvida foi o da semana pré-carnavalesca, quando setores da oposição vendiam a perspectiva do caos visando colher benefício politico. Resultado: parafraseando um dito chinês, a montanha pariu um rato e o caos faltou ao encontro das ruas paraibanas.
O goleiro segurou o pênalti. Agora, trata-se repor a bola em jogo.
Jaldes Reis de Meneses
Avaliar o resultado de um jogo de futebol ou de uma maratona no primeiro minuto é uma tarefa das mais temerárias. Todavia, como a atividade política consciente requer o tempo inteiro balanço e previsão, sempre se pode dizer alguma coisa de útil do desempenho do governo Ricardo Coutinho.
Deve-se perceber que o governador foi eleito cercado de enorme expectativa, a partir de uma aliança plural (indo do DEM ao MST)– que juntou adversários e surpreendeu aliados –, mas com um claro objetivo político: renovar a política paraibana. O resultado eleitoral teve duas consequências, ainda mal avaliadas:
1) Definitivamente, encerrou o ciclo de polaridade entre os grupos de Maranhão e Cunha Lima. Acabou-se esse tempo. Doravante, a polaridade haverá de ser outra. No entanto, atualmente só é visível o processo de montagem do bloco do governo, ao passo que na oposição perdura desorientação, com vários personagens querendo retornar aos velhos tempos que não voltam, senão como farsa.
2) Inegavelmente, Ricardo Coutinho trouxe ao palco da política e da administração do Estado um novo segmento social e geracional, composto dos movimentos sociais e da geração de estudantes, hoje políticos, técnicos e intelectuais, que começou na política no momento instituinte dos anos 80 (vale lembrar que os anos 80 no Brasil foram perdidos na economia, mas ricos em termos de criação política).
Portanto, vivemos, na Paraíba o primeiro minuto de uma transição política de largo alcance, que começou com um cenário – herança deixada pela nova oposição – de verdadeiro Estado de Emergência, de alta desorganização fiscal e financeira nas contas públicas. Há que se ter pulso firme nesta hora, ou seja, para além das pressões setoriais econômico-corporativas de curto prazo, ter a consciência de que qualquer projeto de futuro só poderá ser levado adiante com a reorganização das contas do Estado. Neste sentido, a ação do governo tem sido racional, um ator consciente da direção política a imprimir aos fatos.
Se quisermos detectar, no calor do primeiro minuto, um momento decisivo (como se fosse a cobrança de um pênalti) quanto aos rumos do governo, sem dúvida foi o da semana pré-carnavalesca, quando setores da oposição vendiam a perspectiva do caos visando colher benefício politico. Resultado: parafraseando um dito chinês, a montanha pariu um rato e o caos faltou ao encontro das ruas paraibanas.
O goleiro segurou o pênalti. Agora, trata-se repor a bola em jogo.
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