Amy/Werther (segunda versão)

Jaldes Reis de Meneses

Aconteceu naquela noite:
O coração de Werther retornou
E enlaçou o outro coração crepuscular.

Werther faz questão de retornar
Quando chamado, seja aos céus e à lua,
À paisagem bucólica de um pasto
Campestre alemão ou um pub londrino.

A névoa da madrugada é igual.
Em todo lugar a névoa abraça.
Passam os tempos, passam as horas,
Tudo é igual, Amy se vai, mais uma Amy se foi.

Werther acorda
Do pesadelo de coração fechado –
Pois as horas não transcorrem normais
Quando morremos: as horas despassam
A morte e mais alguma coisa de nada.
Deixa-se o mundo sem carrego.

Flutuamos

Ao ressurgir e abandonar o vinho,
Embora as vinhas continuem
Sem sentido

Florindo:
Não há mais remorso, nem ódio,
Inexistem ciúmes de amor romântico
Em paisagens secas e lunares.
Cantar à morte somente resiste
Ao brilho encantado da luz do dia
Acaso uma voz rouca entoar
O último soul da madrugada
Ao sabor de uma taça de vinho.

Penso que Amy e Werther se foram,
Mas não perderam muito, senão
A tormenta dos filhos crescidos.

Ir cedo tem suas vantagens:
Aos vinte e poucos anos
Se o coração nada mais recebe
A fotografia exala o sabor
De um coração fechado
No qual nada de mais peso
Acresce-se.

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