Fim de casamento
Jaldes Meneses
No remoto ano de 1989 do século passado, três partidos (PT, PSB e PCdoB) firmam uma aliança política junto com um programa radical de 13 pontos (suspensão do pagamento da dívida externa, reforma agrária, democratização dos meios de comunicação, etc.), logo chamada de “Frente Brasil Popular”, e lança candidato à presidência da república um ex-operário conhecido como Lula.
Reviro o passado para antever o que será o principal acontecimento político, ainda subterrâneo e pouco comentado, das atuais eleições municipais, a coqueluche das avaliações pós-eleitorais. Enfim, 23 anos passados, celebra-se o fim do casamento (amigável?) do núcleo duro dos três partidos que constituiu a antiga “frente de esquerda” brasileira, que começou invocando experiências de socialismo democrático, como a Unidade Popular chilena, e termina discretamente, numa espécie pragmática de amizade colorida: o PT compondo a nova espinha dorsal da governabilidade do Estado com o PMDB, o PSB flertando com o PSDB e o PCdoB em busca de rarefeitos espaços de sobrevivência e crescimento.
Neste interregno, a partir do resultado das eleições presidenciais de 2006 (quando houve um deslocamento eleitoral de Lula da classe média e dos setores sindicais para o povão das periferias), apareceu o lulismo, uma vertente personalista que extrapola as fronteiras organizativas do PT, adaptando à realidade do século XXI práticas da antiga “era Vargas” – fundamentais na constituição do capitalismo brasileiro –, principalmente no diálogo direto e sem mediação com os pobres.
Não há como saber se no futuro o lulismo será um fenômeno permanente, além de seu criador, como o peronismo na Argentina, ou se o PT será um Partido de Estado à lá PRI mexicano. Tudo isso se encontra em processo, sujeito da trovoadas e tempestades. Mas não deixa de ser curioso que exatamente o partido cujas três primeiras fichas de filiação foram as de Lula (sindicalista contestador da estrutura sindical), Sérgio Buarque (interprete do Brasil, crítico contumaz da era Vargas) e Mário Pedrosa (paraibano desconhecido na terra onde nasceu, grande crítico de arte, fundador da IV internacional junto com Trotsky) – as três grandes vias de contestação histórica do populismo –, por artes do destino tenha se transformado precisamente no conteúdo que antes abjurou. Como se dizia na década de 80, a Frente Brasil Popular “já era”, caiu em desuso no presidencialismo de coalizão, que prescinde de alianças programáticas, mas adora o balcão.
No remoto ano de 1989 do século passado, três partidos (PT, PSB e PCdoB) firmam uma aliança política junto com um programa radical de 13 pontos (suspensão do pagamento da dívida externa, reforma agrária, democratização dos meios de comunicação, etc.), logo chamada de “Frente Brasil Popular”, e lança candidato à presidência da república um ex-operário conhecido como Lula.
Reviro o passado para antever o que será o principal acontecimento político, ainda subterrâneo e pouco comentado, das atuais eleições municipais, a coqueluche das avaliações pós-eleitorais. Enfim, 23 anos passados, celebra-se o fim do casamento (amigável?) do núcleo duro dos três partidos que constituiu a antiga “frente de esquerda” brasileira, que começou invocando experiências de socialismo democrático, como a Unidade Popular chilena, e termina discretamente, numa espécie pragmática de amizade colorida: o PT compondo a nova espinha dorsal da governabilidade do Estado com o PMDB, o PSB flertando com o PSDB e o PCdoB em busca de rarefeitos espaços de sobrevivência e crescimento.
Neste interregno, a partir do resultado das eleições presidenciais de 2006 (quando houve um deslocamento eleitoral de Lula da classe média e dos setores sindicais para o povão das periferias), apareceu o lulismo, uma vertente personalista que extrapola as fronteiras organizativas do PT, adaptando à realidade do século XXI práticas da antiga “era Vargas” – fundamentais na constituição do capitalismo brasileiro –, principalmente no diálogo direto e sem mediação com os pobres.
Não há como saber se no futuro o lulismo será um fenômeno permanente, além de seu criador, como o peronismo na Argentina, ou se o PT será um Partido de Estado à lá PRI mexicano. Tudo isso se encontra em processo, sujeito da trovoadas e tempestades. Mas não deixa de ser curioso que exatamente o partido cujas três primeiras fichas de filiação foram as de Lula (sindicalista contestador da estrutura sindical), Sérgio Buarque (interprete do Brasil, crítico contumaz da era Vargas) e Mário Pedrosa (paraibano desconhecido na terra onde nasceu, grande crítico de arte, fundador da IV internacional junto com Trotsky) – as três grandes vias de contestação histórica do populismo –, por artes do destino tenha se transformado precisamente no conteúdo que antes abjurou. Como se dizia na década de 80, a Frente Brasil Popular “já era”, caiu em desuso no presidencialismo de coalizão, que prescinde de alianças programáticas, mas adora o balcão.
Comentários
Parabéns pelos ótimos posts, comentários e informações que repassa-nos em seu blog.
Estou sempre por aqui!
Caso queria, dê uma passada no meu e exponha seus comentários.
demaisdomesmo.blogspot.com.br
abraço