Reta final em João Pessoa: os de baixo sobem

Jaldes Meneses

As eleições de municipais de prefeito em 2012 nas capitais e grandes cidades estão consolidando um padrão de campanha baseado em dois tipos de palanque – um eletrônico (o programa de rádio e TV e principalmente as inserções de 30 segundos) e virtual (as redes sociais) – e o corpo-a-corpo direto dos candidatos com os eleitores nos bairros e nas ruas. É preciso apertar muitas mil mãos, esquadrinhar a cidade com a militância como se estivesse realizando uma ação do tipo que os militares chamam de guerra de movimento. Definitivamente, acabaram os tempos dos grandes comícios de palanque, que mimetizava a topografia do palco italiano de teatro, e com o fim do palco vertical, também ocorre o fim dos grandes tribunos (no estilo de Raymundo Asfora ou Vital do Rego pai).


As justaposições dos elementos de palanque eletrônico e virtual com o corpo-a-corpo formam as ondas eleitorais, que só ficam claras na reta final das três ultimas semanas de campanha, que resultam na opção do eleitor por uma ou duas candidaturas (expressão da vontade de realizar um segundo turno) e malogro das demais. Tais ondas são impossíveis de serem geradas sem planejamento, porém a resultante final – felizmente – tem a aleatoriedade típica dos acontecimentos históricos. É possível se detectar tendências emergentes através das pesquisas, jamais domá-las.

As eleições são um processo aberto. Existe um senso comum de que os eleitores não se interessam mais por campanhas, ficando as mesmas restritas às militâncias partidárias. Ledo engano. Os eleitores vão aos poucos ficando cada vez mais atentos aos movimentos que se desenrolam, e só vão formar a decisão no voto nos últimos 15 dias. Por isso, muitos candidatos conhecidos, que saem na frente, amargam derrotas e, por outro lado, as novidades surgem. Embora a eleição seja, para os candidatos, uma maratona que já começa na pré-campanha, na verdade, para os eleitores, se assemelha a uma corrida de 100 metros.

Tal é a situação em João Pessoa. Todos os 4 principais candidatos chegaram às pista de 100m. No exato instante em que juiz inexorável do tempo dá o tiro de sinal de largada, temos os dois candidatos da frente na maratona estacionando (Cícero e Maranhão), enquanto os dois de trás (Estela e Luciano) vêem ganhando gás. É bobagem pensar que seja necessário um fato político estonteante na campanha para mudar as posições do ranking. Se o candidato vem ganhando gás, basta acelerar o ritmo das ações de campanha, fazer mais e melhor, que as posições podem mudar, pois o fato político bruto já existe – o próprio processo de decisão final ao voto em reta final de campanha na cabeça do eleitor. Quem se credencia?

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