Ricardo e Dilma

Jaldes Meneses

Findo, da parte do PSDB, o acordo de constituir um bloco de poder na Paraíba que facilmente duraria pelo menos até as eleições de 2018, proposta inteligente de racionalidade que Ricardo interpelou a Cássio, o jogo político abriu, necessariamente mexendo todas as pedras de um tabuleiro que antes estava bem organizado.

Se as eleições de 05 de outubro fossem hoje – há um longo caminho de sete meses pela frente –, a fiar na confiabilidade das pesquisas encomendadas pelos partidos, o cenário na Paraíba seria de um acirrado segundo turno entre Ricardo Coutinho e Cássio Cunha Lima. A polarização entre Ricardo e Cássio, duas personalidades fortes e conhecidas, tende a se manter e se tornar tão forte – basta constatar que a cisão PSDB/PSB ocupa todos os espaços nas redes socais – que dificilmente sobrará espaços para a configuração de um cenário como o das eleições municipais de 2012 em João Pessoa, ocasião em que se apresentaram quatro candidaturas competitivas, e só tivemos um distanciamento de Luciano Cartaxo do pelotão dos quatro em agosto.

No campo da oposição, até por questão de sobrevivência, assistiremos após o carnaval às tentativas de acordo entre o PMDB e o PT, que já vinham de antes, rigorosamente desde a visita do Presidente do PT, Rui Falcão, à sede do PMDB na Beira Rio, em janeiro passado. Resta apenas grudar o último prego no caixão do tal de Blocão (PT, PP e PSC). A tendência, especialmente do PT, será retornar ao leito da velha composição com o PMDB, que dura desde as eleições de 2012. Escapar da polarização Ricardo/Cássio não será uma operação política fácil, pois o PMDB definhou na Paraíba e Veneziano, ainda segundo as pesquisas, é um candidato desconhecido de largas parcelas do eleitorado, principalmente em João Pessoa. Pode-se arguir que Veneziano tem espaço para crescimento. Teria, se a mensagem fosse nova, não simplesmente prometer urbi et orbi, em linguagem neobarroca decadente... o retorno do PMDB ao poder.

As eleições de governador são casadas com a de Presidente da República. O fato é que a decisão de Cássio em ser candidato objetivamente trinca a lua de mel PSDB-PSB, sendo esse o motivo do pedido de Eduardo Campus pela manutenção da aliança na Paraíba. Por inusitado, havendo segundo turno para presidente (dado ainda incerto nas pesquisas, mas cujas tendências históricas de polarização PT-PSDB contribuem para o crescimento de Aécio, assim como de Serra em 2010) não será despropósito um cenário de conflito radical Dilma e Aécio, Ricardo e Cássio. Até por exclusão, evidentemente Ricardo passaria a ser o principal eleitor de Dilma na Paraíba.

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