A ascensão de Ricardo

Jaldes Meneses

Antes mesmo de encetar a aliança com o PT de Luciano Cartaxo e manter o PSD de Rômulo Gouveia na coligação, primeiro e terceiro partido em tempo de televisão – dois feitos indiscutíveis de articulação política –, a candidatura de Ricardo Coutinho já vinha experimentando um processo de ascensão. Por outro lado, a candidatura de Cássio Cunha Lima, passado o período de impacto de lançamento da própria candidatura e rompimento com o governador, começa a apresentar sinais evidentes de estagnação.
            Não costumo, quando o objetivo analítico é escrutinar a correlação de forças, me deixar embair por simples e enganosas considerações subjetivas de alinhamento pessoal ou ideológico. Pesquisam não ganham eleições, nem substitui a riqueza de acontecimentos de uma campanha, mas apontam tendências a serem levadas em consideração, inclusive na formulação de táticas e estratégicas de reversão. Desde os bons tempos iluministas de Voltaire, o parvo se caracteriza, antes de tudo, pelo otimismo estrábico, mais grave ainda se ele se deixa embair por ódios e superstições. 
 Ao constatar o crescimento de Ricardo e a estagnação de Cássio, me fundamento na série de duas pesquisas do Instituto Múltipla/Rede Arapuan, realizadas em abrir e maio, cujos dados principais são os seguintes foram os seguintes: (1) intenção de votos: em abril, Cássio havia pontuado 39.4% (abril), 40.15% (junho); Ricardo, 26.4% (abril), 30.21% (junho); Veneziano, 10.2% (abril), 9.24% (junho).  
Em momento de pré-campanha, e em se tratando de reeleição, até mais importante do que avaliar as intenções de votos, trata-se de examinar os índices de (2) avaliação de governo. Neste aspecto, somados os índices de ótimo e bom, a avaliação do governo Ricardo, além de ascendente, soma 40.4%, um índice sem dúvida elevado, ao passo que as avaliações negativas (ruim e péssimo), estão em patamar relativamente baixos e descendentes, 23.6%. Por último, no tocante à avaliação de (3) desempenho pessoal, os índices também são crescentes, precisos 59.1% avaliam de maneira positiva a ação pessoal do governador.
Avaliados em perspectiva, a articulação entre intenção de votos, avaliação e desempenho pessoal, torna a postulação de reeleição de Ricardo Coutinho altamente competitiva. Sem dúvida, há uma diferença entre intenção de votos, menor, e avaliação e governo e desempenho pessoal, maior. No entanto, uma vez examinados inúmeros casos de reeleição em eleições majoritárias nacionais, pode-se afirmar que compõe praticamente uma tendência eleitoral a situação de, à medida que os eleitores vão se ligando na eleição, os índices de intenção de voto vão se encostando aos de avaliação de governo e desempenho pessoal.
Raríssimas são as ocasiões em que o eleitor chega ao dia da eleição, e na urna, consagra a oposição de um governo bem avaliado.
Mitos também circulam entre os analistas políticos, principalmente na Paraíba. Um deles, diz respeito a uma suposta “rejeição” do candidato Ricardo Coutinho. Não sei quais dados objetivos sustentam essas avaliações, pois tive a pachorra de examinar TODAS as pesquisas publicadas na Paraíba, divulgadas em vários órgãos de imprensa, ao longo de três anos e meio de governo, e em NENHUMA delas, a rejeição pessoal do governador chega sequer a 30%. Ricardo, em geral, oscila entre 23 e 27% de rejeição. Um índice relativamente baixo e competitivo, principalmente em se tratando de eleições polarizadas, nas quais os eleitores de um candidato, liminarmente, até por exclusão, rejeitam a candidatura adversária.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Vinícius de Moraes: meu tempo é quando

Colômbia: 100 anos de solidão política

Gramsci: A Filosofia Política do Conceito de Relações de Força (trechos)