Os olhos de ressaca de Valério Arcary
Jaldes Meneses
Leio numa declaração de Valério Arcary, dirigente do PSTU, de desacordo ao apelo, dirigido aos partidos à esquerda do PT, de “voto útil” em Dilma, que é “preciso combater a perigosa ilusão” de que é possível regular o capitalismo. O apelo ao voto útil vem dando certo, tanto que dos cinco deputados federais eleitos pelo PSOL, quatro já declararam o voto em Dilma. Repito: é-se possível regular o capitalismo? Veja-se, a pergunta de Valério,... matreiramente, não é a principal, que viso responder aqui topicamente – “é-se possível regular o capitalismo?” –, mas uma derivação – “é preciso combater a perigosa ilusão de que é possível regular o capitalismo”. Sempre é melhor responder a pergunta principal e daí partir para elucidar as questões derivadas.Evidentemente, Valério sabe muito bem que, até certo ponto, sim, é-se possível regular as forças indomáveis do capitalismo, embora essa regulação seja sempre historicamente situada e determinada, além estruturalmente limitada pelo conteúdo do acordo de classe, fundo de toda regulação, seja do welfare state, no caso Europeu, seja do lulismo, no caso brasileiro. A questão, portanto, vale tanto para o capitalismo em geral como para o capitalismo brasileiro. No caso do capitalismo tupiniquim, até muito mais, pois se houve uma característica histórica saliente do capitalismo brasileiro, desde a “Era Vargas”, é exatamente o excedente – e não o déficit – de regulação.
Leio numa declaração de Valério Arcary, dirigente do PSTU, de desacordo ao apelo, dirigido aos partidos à esquerda do PT, de “voto útil” em Dilma, que é “preciso combater a perigosa ilusão” de que é possível regular o capitalismo. O apelo ao voto útil vem dando certo, tanto que dos cinco deputados federais eleitos pelo PSOL, quatro já declararam o voto em Dilma. Repito: é-se possível regular o capitalismo? Veja-se, a pergunta de Valério,... matreiramente, não é a principal, que viso responder aqui topicamente – “é-se possível regular o capitalismo?” –, mas uma derivação – “é preciso combater a perigosa ilusão de que é possível regular o capitalismo”. Sempre é melhor responder a pergunta principal e daí partir para elucidar as questões derivadas.Evidentemente, Valério sabe muito bem que, até certo ponto, sim, é-se possível regular as forças indomáveis do capitalismo, embora essa regulação seja sempre historicamente situada e determinada, além estruturalmente limitada pelo conteúdo do acordo de classe, fundo de toda regulação, seja do welfare state, no caso Europeu, seja do lulismo, no caso brasileiro. A questão, portanto, vale tanto para o capitalismo em geral como para o capitalismo brasileiro. No caso do capitalismo tupiniquim, até muito mais, pois se houve uma característica histórica saliente do capitalismo brasileiro, desde a “Era Vargas”, é exatamente o excedente – e não o déficit – de regulação.
Mas Valério não torce apenas a pergunta da questão
sobre a (im)possibilidade de regulação no capitalismo. Ele torce até a famosa
pergunta de Lênin – “o que fazer?”, trocando-a pela negativa “o que não
fazer?”. Deixem-me fazer uma piada de boa índole: trotskismo adorniano? A
verdade é que, do ponto de vista prático, apesar da retórica, a proposta de
Valério não difere tanto assim do voto em Dilma com o “nariz tapado”. Ao
contrário do pessoal de nariz tapado, sabe-se lá por quais motivos, ele quer
preservar aparências, sejam elas quais forem. Acredita, felizmente, que Aécio deve
ser “combatido impiedosamente”, mas, ato contínuo, observa que “os marxistas
não indicam nunca a escolha do carrasco menos cruel “. Daí advém a formulação
de... fazer até certo ponto, ou seja...“não fazer” – desmascarar Aécio... mas
não tapar o nariz.
Por tudo isso, considero, à sério, o PSTU um
partido em evolução intelectual.
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