A imaginação econômica
Jaldes Meneses Não sou especialista em economia. Por vocação, muito jovem, preferi a leitura dos clássicos de política aos de economia. Mesmo em Marx, que comecei a ler no secundário, me senti mais à vontade na leitura e no estudo dos textos de filosofia, política e história. Deixem-me cometer, por assim dizer, uma nota confessional. Meu primeiro livro marxista, até hoje lembro, não foi de Marx, mas de Engels, "A origem da família da propriedade privada e do Estado”, na memorável tradução de Leandro Konder, editado pela Civilização Brasileira de Ênio Silveira. Tenho o exemplar guardado, na estante e no coração, até hoje. Anotei besteiras desentendidas nas margens do livro, na caligrafia incerta de adolescente. Em Jaguaribe, nos tempos da ditadura, esses estranhamentos eram possíveis e até prováveis, embalados ao som de rock progressivo e dos tropicalistas. Contudo, logo percebi que no mundo dos homens - uma das grandes percepções de Marx - é-se impossível separar economia