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Mostrando postagens de agosto, 2020

Florestan Fernandes: “Ecletismo bem temperado” e marxismo revolucionário

Jaldes Meneses Por tudo isso, refletir Florestan, é extremamente atual, um misto de homenagem e sinal de contemporaneidade política. Professor universitário e militante de esquerda, não se pode dizer que Florestan seja um autor esquecido. Unanimemente lembrado na galeria de uma geração do tope de Caio Prado Jr., Sérgio Buarque de Holanda, Gilberto Freyre, Nelson Werneck Sodré, Raymundo Faoro, Darcy Ribeiro, Celso Furtado, Ignácio Rangel, Alberto Passos Guimarães, Francisco de Oliveira, Carlos Nelson Coutinho, Ruy Mauro Marini, entre outros – autores que lograram formular influentes interpretações originais do Brasil -, legou ao pensamento social brasileiro densa obra de mais ou menos cinquenta títulos, da qual, certamente, o mais importante é Revolução Burguesa no Brasil. Vale a pena observar, contudo, que embora Florestan não seja um autor esquecido, tampouco se pode afirmar que sua interpretação do Brasil seja plenamente conhecida e debatida, pois há muitas sendas ainda inexploradas,

Florestan Fernandes e a teoria da revolução burguesa no Brasil

Jaldes Meneses Prof. Titular do Departamento de História da UFPB 1. Introdução   Professor universitário socialmente respeitado e militante de esquerda à época sem partido definido, adversário intransigente da ditadura militar de 1964, dez anos após a instauração da ditadura (1974), Florestan Fernandes (cujo centenário de nascimento comemora-se em 22/07/2020), pincelava os retoques finais na máquina de escrever de um livro ambicioso intitulado A revolução burguesa no Brasil - ensaio de interpretação sociológica, cujos quarenta e cinco anos de primeira ediç ã o comemora-se também neste ano.   Culminava o autor uma conscienciosa reflexão que durou muitos anos, no guarda-chuvas do projeto de pesquisa coletivo “Economia e Sociedade no Brasil”, sobre o conteúdo do processo da revolução burguesa no Brasil . Foram 10 anos de dificuldades, nos quais o intelectual, aposentado compulsoriamente na USP em 1969, teve de peregrinar em estadias como Visiting Scholar na Universidade de Columbia (