Borgiano

Jaldes Reis de Meneses

Toda poesia é igual, diferentes são os poetas:
Exilada na pedra, a poesia se perdeu
Num labirinto pretensioso da memória,
Este objeto do disfarce humano que vive através do encanto
Involuntário das impurezas brancas, de uma macha de sorvete
Na manga da camisa.
Percorro as minhas mãos, em suas linhas o labirinto.
A poesia, quando vale à pena, apenas os palhaços a podem compreender.
Odes, baladas, elegias, e restou muito pouco, somente Beatriz,
Mas quem é Beatriz? Quem é Laura? Quem é Dante? Quem é Petrarca?
Para que serve um soneto, mas também qual a importância de um maçarico?
A chama acesa de um maçarico na pedra
Produzindo metáforas, sempre a mesma granítica mensagem:
O tempo é a estrada, a vida é o sonho e a morte é o sono.

Comentários

Anônimo disse…
Borgiano. Labirinto. Heterônimos. Ensaios. Heráclito incessante. Arte poética. Vendo teu blog, Jaldes, há uma senação de ser necessário voltar. Isto é bom. Voltarei. reflexos aqui, ecos de conversas acolá, e um espírito brincalhão querendo se desdobrar infinitamente em espelhos. Boa estética, dispersão concentradora, é um remanso de densidade e intensidade. Obrigado pela partilha deste teu lado mais completo, mais diverso, mais disperso e, ao mesmo tempo, concentrado. Rolando Lazarte

Postagens mais visitadas deste blog

Resenha

Vinícius de Moraes: meu tempo é quando

Colômbia: 100 anos de solidão política