Werther\Amy

poe
Jaldes Reis de Meneses

Cantar a morte não resiste
À luz do dia. No entanto, depois
De um blues na madrugada, enquanto
Tomo mais uma taça de vinho,
Mais uma, amigo, mais uma taça de vinho,
Penso que Werther e Amy se foram
Mas não perderam muito, senão
A tormenta dos filhos crescidos.
Ir cedo tem suas vantagens:
A fotografia amarela, sem dúvida,
Porém o coração se fecha
Aos vintes e tantos anos.
Se o coração nada mais recebe,
Nada se perde, nada mais de peso
Acrescenta-se. Talvez o coração
De Werther abrace – sempre pode
Acontecer algo diferente –, a lua,
A paisagem bucólica de um pasto
Campestre alemão – ou um Pub londrino
Na névoa da madrugada, sempre
Tudo é igual, passa o tempo e
Tudo é igual. Amy se foi,
Amy se vai. Werther acorda
Do pesadelo de coração fechado –
Pois as horas não transcorrem normais
Quando morremos. As horas despassam,
Da morte, mas alguma coisa de nada
Deixa-se no mundo sem carrego. Flutuamos
Ao ressurgir e abandonar o vinho, embora
As vinhas continuem sem sentido florindo :
Não há remorso, não há ódio, inexistem ciúmes
De amor romântico em paisagens lunares.

Comentários

Janaina Sedova disse…
Adorei o poema, Jaldes

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