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Mostrando postagens de setembro, 2012

Adeus, Carlos Nelson Coutinho

Jaldes Reis de Meneses Morreu na noite da última quinta-feira (20/09) no Rio de Janeiro um dos principais intelectuais brasileiros, grande interprete do Brasil, Carlos Nelson Coutinho, de um câncer fulminante detectado há poucos meses. Recebo notícias de que muitas estão sendo muitas as homenagens prestadas no mundo acadêmico brasileiro e internacional, a começar pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da qual era professor emérito, mas principalmente de seus colegas de trabalho e admiradores Brasil afora. Logo que recebi na manhã seguinte de sexta-feira a notícia do falecimento de Carlos Nelson tive dificuldade em escrever as minhas lembranças. A visita algum dia da “indesejada das gentes” (parafraseando o verso de Manuel Bandeira) é inefável, contudo queremos vê-la longe de nós e das pessoas que aprendemos pelo exemplo a admirar e pelas quais nutrimos afeto. Embora difícil, pode-se e deve-se aceitar estoicamente a morte. Por isso realizamos o trabalho de luto. Gilbert

Mensaläo da crise que näo veio

Jaldes Meneses Marcos Valério falou compulsivamente às vésperas das eleições, conforme estava programado em várias mensagens cifradas, por ele mesmo enviado, meses passados na mesma imprensa que publicou o seu depoimento. Contudo não falou pessoalmente, mas através de terceiros, como se mandasse um último recado ainda em busca de proteção amiga a seus interlocutores antes secretos. Achei o depoimento pungente: lá estão descritos o drama do homem acossado e o sofrimento da família, mulher e filhos, a solidão dos que caem em desgraça social. Definitivamente, o mensalão transformou a vida de Valério em drama – por que não dizê-lo? – dostoievskiano, daqueles pelos quais somente somos libertados pela réstia translúcida da luz diáfana de uma redenção mística. Deixemos o drama humano vivido por Valério de lado, quero falar de aspectos mais pueris do mensalão, atinentes à relação com a política e a campanha eleitoral. O mensalão ainda vai render, mas não é assunto principal da pauta das a

Reta final em João Pessoa: os de baixo sobem

Jaldes Meneses As eleições de municipais de prefeito em 2012 nas capitais e grandes cidades estão consolidando um padrão de campanha baseado em dois tipos de palanque – um eletrônico (o programa de rádio e TV e principalmente as inserções de 30 segundos) e virtual (as redes sociais) – e o corpo-a-corpo direto dos candidatos com os eleitores nos bairros e nas ruas. É preciso apertar muitas mil mãos, esquadrinhar a cidade com a militância como se estivesse realizando uma ação do tipo que os militares chamam de guerra de movimento. Definitivamente, acabaram os tempos dos grandes comícios de palanque, que mimetizava a topografia do palco italiano de teatro, e com o fim do palco vertical, também ocorre o fim dos grandes tribunos (no estilo de Raymundo Asfora ou Vital do Rego pai). As justaposições dos elementos de palanque eletrônico e virtual com o corpo-a-corpo formam as ondas eleitorais, que só ficam claras na reta final das três ultimas semanas de campanha, que resultam na opção do

Saudades de São Paulo

Jaldes Reis de Meneses Há pelo menos vinte anos, passo muito pouco tempo em São Paulo, talvez o tempo entre o pouso e a decolagem do avião em Congonhas ou Guarulhos. Me (ao contrário de Dilma, erro nas regras gramaticais de propósito) recordo de vivências demoradas na São Paulo dos anos oitenta (estou ficando velho), do cinema a meia noite no cine SESC, onde vi pela primeira vez “Memórias do cárcere” de Nelson Pereira do Santos e “Asas do desejo” de Wim Wenders, dos shows de rock em Pinheiros, das amizades do movimento estudantil e das conversas em que misturávamos desde o realismo satírico-fantástico de Gógol até o pseudo equívoco das estratégias erradas da “reforma” (o PCB). Sonhos de uma noite de verão, especialmente quando foram conversas fugazes antes de um feriadão, verdadeiros hinos ao vento travados na rodoviária do Glicério, recanto dos nordestinos em São Paulo, no tempo em que não frequentavam aeroportos. O cosmopolitismo – às vezes de fachada – brilha em São Paulo. Nunca m