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Mostrando postagens de abril, 2013

A questão setentrional

  Jaldes Meneses  (Eduardo Campos e o Lulismo) Enganam-se os que pensam que a burguesia, o capital financeiro ou os grandes proprietários rurais ganharam sozinhos todas as eleições presidenciais desde o retorno democrático de eleições presidenciais em 1989. Desde aquela data, os pobres (hoje chamados de “nova classe média” ou “nova classe trabalhadora”, antes conhecida como “descamisados”, ou vistos de fora, na canção de Garoto e Chico Buarque como “gente humilde”, nunca perderam eleições presidenciais brasileiras. Os “batalhadores brasileiros (expressão que intitula do livro do sociólogo mineiro Jessé Souza) estão invictos. Foram eles os responsáveis por Collor, Fernando Henrique, Lula e Dilma subirem a rampa do Planalto. Minto. Houve uma exceção. As eleições de 2002, de confronto entre Lula e Serra. Se examinarmos os mapas eleitorais, naquela ocasião, pela primeira e única vez, houve um equilíbrio entre os dois principais candidatos na captura do voto da pobreza. Esse equilíbr

Duas Coreias

Jaldes Meneses De todos os depoimentos que li sobre as duas Coreias nos últimos dias o mais terrificante foi o de um jornalista correspondente em Seul (capital da Coreia do Sul) de que a vida cotidiana “segue o seu ritmo normal”. Como assim, “segue o seu ritmo normal”? Enquanto isso, do outro lado da fronteira, em agônico contraste, divisões do exército são convocadas em desfiles militares de saudação ao novo “ególatra” (o termo é do escritor Aleksander Solzhenitsyn), o rapazinho que mais parece um boneco de cera que atende pelo nome de Kim Jong-un. Invoquei Solzhenitsyn, um notório anticomunista, mas poderia citar um autor de indiscutíveis credenciais de esquerda – Leon Trotsky –, para quem a União Soviética sob Stalin refazia surpreendentemente o slogan de Luis XIV (monarca absolutista francês), “de o Estado sou EU” para a “Sociedade sou EU”. Pus de propósito em cena o contraste de clima das duas Coreias visando relfetir a radical diferença de clima dos dois Estados de cultura

Direitos humanos

Direitos humanos Jaldes Meneses Em tempos de Marco Feliciano, nada melhor que discutir direitos humanos. Na coluna dominical de hoje, buscarei elucidar em poucas linhas uma questão teórica e política decisiva que surgiu terça-feira no debate “Claude Lefort e a democracia”, promovido pelo programa de pós-graduação em Direitos Humanos da UFPB, comigo e os professores Luciano Oliveira, Rubens Pinto e Giuseppe Tosi. Trata-se de uma questão que extrapola os muros da Universidade, diz respeito a todos nós. Haverá contido na pretensão de universalidade dos direitos humanos uma atitude expansionista do mundo ocidental, o colonialismo escondido nas melhores intenções? Na origem, os direitos humanos possuem uma carga de ambigüidades. Hannah Arendt, em “Origens do totalitarismo”, escreve com razão que na “Declaração de Direitos do Homem e do cidadão de 1789”, “uma mesma nação [A França] era declarada, de uma só vez, como sujeita a leis que emanariam supostamente dos Direitos do Homem, e co