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Mostrando postagens de outubro, 2013

As dinâmicas de junho

Jaldes Meneses Qualquer grande acontecimento social, político ou religioso gera no mesmo movimento interpretações contraditórias. Foi assim que em torno de legado de Maomé se formou a tradição dos sunitas e xiitas e de Lênin os stalinistas e trotskistas. Não poderia ser diferente no caso das mobilizações sociais que varreram o Brasil em junho. Esses acontecimentos já se transformaram, mais que movimentos importantes como o Fora Collor ou as Diretas-Já, de análise mais simples, em um enigma interpretativo a várias escolas do pensamento. Finalmente, tivemos no Brasil um acontecimento, digamos assim, contemporâneo, ao estilo do maio de 68 francês, uma explosão de sociedade civil que até hoje desafia o entendimento. Do mesmo jeito, nos anos futuros teremos uma guerra interpretativa versando o que efetivamente estamos fazendo hoje nas ruas brasileiras, produzindo o melhor e o pior da teoria social. Afora os intelectuais, esses profissionais da ideologia, mais uma porção de gente não e

Eduardo e Marina

Jaldes Meneses             Não se fala em outra coisa no arraial da política. O ex-presidente Lula disse que levou um murro no estomago. O governador Tarso Genro, por sua vez, formulou a melhor síntese. Para o governador gaúcho, caso aconteça nas eleições presidenciais do próximo ano uma polarização inédita entre o candidato do PSB – que tanto pode ser Eduardo ou Marina, isso ainda será decidido de fato no devido tempo no primeiro semestre de 2014 – e a presidente Dilma, do PT, em vez do debate de campanha girar em torno do legado da “era” Lula ou da “herança maldita” de FHC, necessariamente será sobre o futuro do Brasil. Afinal, tanto Marina como Eduardo vieram da costela do PT e do lulismo histórico , e sobre eles dificilmente cairão as acusações rotineiras assacados contra o PSDB, de ser um partido que entregou o Brasil na bacia das almas das privatizações das estatais.             No Brasil posterior às jornadas de junho tudo pode acontecer. Dou um doce de coco a quem preve

Aos 100 anos do nascimento de Vinicius de Moraes

                                                                                                                               Jaldes Meneses Entre as muitas histórias que se pode contar de Vinicius de Moraes (1913-1980) – um dos maiores poetas modernistas brasileiros do século XX, cujo centenário de nascimento o Brasil comemora no dia 19 de outubro –, começo com uma que reúne em único ato política e poesia. O folclore do poeta é vastíssimo, de modo que procurarei me abster de temas como a bebida, os amores e o modo de viver da zona sul carioca. Muitas vezes, o folclore lança brumas, obscurece a recepção da obra daquele que é sem favor um dos sete principais poetas modernos brasileiros do século XX, quase ou no mesmo nível de Drummond, Cabral, Cecília Meireles, Manuel Bandeira, Jorge de Lima e Murilo Mendes. Ao que parece, o poeta recebeu a notícia de cassação do Itamaraty, em visita à casa de sua mãe no Brasil, na esteira da edição do AI-5. Em seguida, em 1969, certamente