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Mostrando postagens de junho, 2015

Carlos Nelson Coutinho

Jaldes Meneses Escrevi neste espaço de A UNIÃO há poucas semanas sobre Florestan Fernandes, um grande intelectual brasileiro do século XX. No dia 28 de julho (domingo), o ensaísta, tradutor, crítico literário e filósofo político, Carlos Nelson Coutinho (CNC), caso vivo (morreu em setembro de 2012), faria 72 anos. Aproveito a oportunidade da data para recordar a notável contribuição de Carlos Nelson ao pensamento brasileiro, que não pode ser esquecida.  CNC, nos subversivos anos 60, foi pioneiro ao introduzir em nosso cenário cultural o marxismo historicista de Antonio Gramsci e a ontologia materialista do ser social de Gyorgy Lukács, numa época em que o cânone marxista brasileiro, salvo exceções, limitava-se a reiterar as formulações políticas e filosóficas do chamado marxismo-leninismo ou marxismo da terceira internacional. Através do trabalho de escrutínio das ideias alheias, CNC pensou os outros com a própria cabeça.  Em todos os assuntos nos quais CNC pôs a inspeç

As ideias de Bresser-Pereira

                                                                                                                               Jaldes Meneses Estivemos, um grupo de intelectuais e políticos paraibanos, em duas demoradas e animadas conversas na semana passada com o ex-ministro Luiz Carlos Bresser-Pereira (Fazenda no governo Sarney; Administração e Ciência e Tecnologia no governo Fernando Henrique), cujos assuntos, não podiam deixar de ser, foram economia, política e história do Brasil. Impressiona a vitalidade e o bom humor de Bresser-Pereira aos 81 anos, um desses homens socráticos - são poucos - que expõem com paixão, mas perguntam e sabem escutar, inclusive as críticas e ponderações. Na idade em que muitos deitam na cama da fama, nosso interlocutor ocasional, enfim intelectual full time, em vez de simplesmente colher os frutos doces de um passado de vida de ex-ministro e professor emérito da Fundação Getúlio Vargas, ao reverso, resolveu enveredar no mar aberto de duas pesquis

Greve nas Universidades e Trabalho Docente

  Jaldes Reis de Meneses*    No momento em que escrevo este artigo, os docentes de várias universidades federais - entre as quais a UFPB - estão em greve. A pauta são os salários, a correção das distorções da carreira docente e mais verbas de financiamento do custeio das instituições públicas. Pretendo escrever dois artigos sobre o cenário de fundo dos motivos da greve. Neste primeiro, gostaria de glosar a questão do trabalho intelectual docente. Na próxima semana, o assunto serão as balizas mestras das políticas educacionais do período de governos Lula-Dilma, desde a abertura de nosso sistema de ensino superior ao capital multinacional até os resultados articulados e sistêmicos dos programas Reuni, Prouni, Pronatec e Fies. Muita coisa mudou nos anos recentes. Só há como abordar o tema da (des)valorização do trabalho docente inserido no contexto das transformações do capitalismo contemporâneo e dos sistemas de ciência e tecnologia. Ao tratarmos de uma campanha salarial e

Florestan Fernandes (1920-1995)

Jaldes Meneses email: jaldesm@uol.com.br Há vinte anos, em um cinzento mês de agosto de 1995, acobertado de garoa paulista e na época de começo e apogeu do primeiro governo Fernando Henrique, antigo assistente de ensino do velho professor, morreu Florestan Fernandes, um dos principais intelectuais brasileiros do século XX. Professor universitário e militante de esquerda, não se pode dizer que Florestan Fernandes seja um autor esquecido. Unanimemente lembrado na galeria de uma geração de pensadores do tope de Caio Prado Jr., Sérgio Buarque de Holanda, Nelson Werneck Sodré, Darcy Ribeiro, Antônio Cândido e Celso Furtado - autores que lograram formular interpretações originais do Brasil -, Fernandes legou ao pensamento social brasileiro uma vasta e densa obra de mais de trinta títulos, da qual certamente o mais importante é a obra-prima “Revolução Burguesa no Brasil”, escrita entre 1965 e 1974, no Brasil e no Canadá. Mas não só isso. O conteúdo explosivo e radical da obra