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Mostrando postagens de agosto, 2011

Werther\Amy

poe Jaldes Reis de Meneses Cantar a morte não resiste À luz do dia. No entanto, depois De um blues na madrugada, enquanto Tomo mais uma taça de vinho, Mais uma, amigo, mais uma taça de vinho, Penso que Werther e Amy se foram Mas não perderam muito, senão A tormenta dos filhos crescidos. Ir cedo tem suas vantagens: A fotografia amarela, sem dúvida, Porém o coração se fecha Aos vintes e tantos anos. Se o coração nada mais recebe, Nada se perde, nada mais de peso Acrescenta-se. Talvez o coração De Werther abrace – sempre pode Acontecer algo diferente –, a lua, A paisagem bucólica de um pasto Campestre alemão – ou um Pub londrino Na névoa da madrugada, sempre Tudo é igual, passa o tempo e Tudo é igual. Amy se foi, Amy se vai. Werther acorda Do pesadelo de coração fechado – Pois as horas não transcorrem normais Quando morremos. As horas despassam, Da morte, mas alguma coisa de nada Deixa-se no mundo sem carrego. Flutuamos Ao ressurgir e abandonar o vi

As greves da afluência

Jaldes Reis de Meneses Enquanto nas ruas da Espanha (Madrid), da Grécia (Atenas) ou da Inglaterra (Londres), as massas demonstram a sua insatisfação com a crise econômica do capitalismo internacional, postulo que as greves de profissionais da educação (piso salarial nacional) e segurança (PEC 300), ocorridos recentemente em quase todos os Estados brasileiros, ao contrário, ainda são o que denomino de “greve da afluência”. Está em causa, em lugar de uma atitude defensiva com os efeitos da crise, como na Europa, uma atitude ofensiva dos nossos trabalhadores dos serviços públicos em reivindicar maior participação nos recursos do fundo público, em franco crescimento nos anos passados da “Era Lula”. A propósito, cabem três comentários adicionais. Em primeiro lugar, os dois móveis principais do compromisso de classe do governo passado foram os precisamente os pontos críticos da estratificação social, aqueles que o brilhante economista italiano, recém-falec

Keynes e a crise

Jaldes Reis de Meneses A semana (08\08)começou com uma segunda-feira de pânico nos mercados internacionais das bolsas de valores, que deve perdurar nos próximos dias, enquanto na Inglaterra massas enfurecidas ateavam fogo em automóveis e prédios com uma fúria e ódio haitianos. A revolução está distante de bater à porta, mas perigosas revoltas espasmódicas se avolumam nas periferias pobres das grandes metrópolis, mimetizando os levantes luditas (operários que destruíam as máquinas no período da revolução indústria) do século XIX, ou mesmo os saques pré-capitalistas da seca no sertão nordestino. Configura-se uma nova paisagem urbana nos países da Europa: no passado recente já tivemos explosões em Los Angeles e Paris, mas agora parece se criar uma onda. Onde estão as instituições do Estado de Bem-Estar, na Europa e mesmo nos Estados Unidos, que já não fornecem o colchão indispensável ao controle da questão social? Quando mencionamos crise econômica e welfare state , logo a memó

EUA: A trégua será provisória

Jaldes Reis de Meneses A crise norte-americana da elevação do teto da dívida, que engalfinhou durante todo o mês de junho o governo Barack Obama e a oposição do Partido Republicano, antes de simplesmente econômica, é muito mais séria. A crise é política e de hegemonia. Por isso, o acordo entabulado no apagar das luzes do domingo, votado de última hora ontem (segunda-feira, 01/08) na Câmara dos Representantes, a ser votado no Senado hoje (terça-feira, 02/08), apenas adia um duelo cujo palco principal deverá ser as eleições presidenciais de 2012. Houve um empate técnico. O principal emblema da crise de hegemonia é que o acordo atual não satisfez os contendores – principalmente os pólos das alas à direita e à esquerda dos partidos republicano e democrático. Ninguém saiu vencedor, embora o método de chantagem dos republicanos tenha arrancado um êxito parcial (não taxar os ricos, cortes no orçamento público). Tanto que os votos contrários, insatisfeitos, ao inverso d