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Mostrando postagens de dezembro, 2014

A história se abriu em Cuba

Jaldes Meneses email: jaldesm@uol.com.br A partir da semana passada, a história do século XXI começou a se abrir em Cuba. Nunca defendi Cuba com base no pobre argumento, às vezes sincero, outras vezes hipócrita, do escritor Fernando Morais, repetido ad nauseam por outros defensores: aquele que ao contrário dos demais países latino-americanos, toda noite as crianças vão dormir bem-alimentadas e agasalhadas na Ilha. Repórteres e biógrafos dificilmente conhecem Marx - um autor muito citado, pouco lido e menos entendido ainda, até por marxistas.  A gente não quer só comida, versejava Arnaldo Antunes em meus tempos de juventude perdida. Em Marx, ao contrário do que se pensa o marxismo vulgar, o grande valor da sociedade regulada (a bela expressão de Gramsci para designar o comunismo) é a liberdade e não a igualdade. Quem se der à pachorra de ler com atenção a “Crítica ao programa de Gotha”, uma obra clássica para entender o socialismo e o comunismo em Marx, perceberá que o no

O neoliberalismo de Dilma

Jaldes Meneses email: jaldesm@uol.com.br Não adianta dourar a pílula: o programa econômico do segundo governo Dilma, sob o comando do ministro Joaquim Levy (cortes de gastos e investimentos públicos, aumento da arrecadação, política antiinflacionária baseada em juros altos, etc.), será neoliberal, tanto quanto foi neoliberal a administração de Antonio Palocci e Henrique Meireles na primeira fase do governo Lula (2003-2005). Certamente, nos casos de Dilma e Lula, o neoliberalismo vem a ser mais de necessidade que de convicção.  Parece paradoxal, um país que amanheceu das urnas tão dividido politicamente entre esquerda e direita - Maria do Rosário e Jair Bolsonaro, Comissão da Verdade e Saudosos da Ditadura -, mas economicamente nem tanto: caso tivesse sido eleito, as medidas de política econômica de Aécio Neves seriam idênticas - repito: idênticas - às de Dilma. Joaquim Levy e Armínio Fraga são as faces do mesmo segredo de polichinelo. Companheiros de causa e geração, fre

Todos sabem

Jaldes Meneses email: jaldesm@uol.com.br Nos tempos da construção de Brasília e da bossa nova havia um ditado popular que dizia assim: ou o Brasil acabava com a saúva e a corrupção ou a corrupção e a saúva acabavam com o Brasil. A saúva desapareceu e a corrupção cresceu na escala dos milhões para os bilhões. Antes de tudo, é preciso separar o joio do trigo. Saber que são pelo menos duas as corrupções existentes brasileiras - a antiga e a nova.  A antiga corrupção patrimonialista começou no pedido de emprego que Caminha encomendou ao Rei D. Manuel de Portugal ao comunicar a descoberta da Ilha de Vera Cruz. Passou incólume pela sociabilidade de “favores” da Corte imperial. Percorreu sem-vergonha a República Velha, a Era Vargas, a Ditadura, a Nova República, o tucanato e o lulismo. E resiste, senil, nas estruturas municipalistas vigentes, que mercadejam as prestações federais do FPM até o pequeno tráfico de influências. No entanto, existe também a nova corrupção, capita

Sob o signo de Celso Furtado

Artigo publicado no jornal A UNIÃO de hoje (09/12), alusivo à reunião dos governadores do Nordeste em João Pessoa (PB) Jaldes Meneses Está longe de ser um veredicto hiperbólico considerar a reunião de governadores eleitos do nordeste, realizada hoje em João Pessoa, de acontecimento histórico. Vale à pena recordar que primeira grande articulação desenvolvimentista de governadores do nordeste deu-se em 1958, sob os auspícios do paraibano Celso Furtado. Lê-se nas páginas do segundo volume livro de memórias de Celso, “A fantasia desfeita”, a navegação venturosa de quando e como ele imaginou a SUDENE e encontrou sérias resistências nas oligarquias regionais. Essas oligarquias atadas ao passado eram poderosas, dominavam a representação política das bancadas federais e de senadores do Congresso Nacional, quase toda disposta a apresentar o veto à criação da SUDENE. Por outro lado, foi exatamente a partir do apoio dos governadores e, por incrível que pareça, da colaboração da i